Surto de ebola na África Ocidental é um dos "mais desafiadores" diz OMS

Na Guiné, origem da epidemia, são 157 casos suspeitos e 101 mortes até agora. Libéria também registrou casos

Por Opera Mundi
Quarta-feira, 9 de abril de 2014


A África Ocidental está enfrentando um dos surtos “mais desafiadores” de ebola desde que a doença emergiu há quatro décadas, segundo informou a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta terça-feira (08).

"Estamos diante de surtos mais desafiadores que tivemos que enfrentar até o momento. Começou na Guiné, já se expandiu até a Libéria, e há vários focos. O fato de que seja em diferentes localidades complica seu controle", advertiu em entrevista coletiva o diretor-geral adjunto para Segurança Sanitária da OMS, Keiji Fukuda.

Segundo a Reuters, a OMS espera ter que enfrentar a epidemia de ebola ainda pelos próximos dois ou quatro meses. A ONU (Organização das Nações Unidas), entretanto, não está recomendando quaisquer restrições de viagem à Guiné, que tem um total de 157 casos suspeitos, incluindo 101 mortos, ou à Libéria, que tem 21 casos suspeitos e dez mortes confirmadas.

“Esperamos estar totalmente envolvidos no combate a esse surto pelos próximos dois, três ou quatro meses antes de termos certeza de que acabamos com ele”, afirmou Fukuda em Genebra.

Por enquanto, os supostos casos em outros países da região, deram negativo. Em Serra Leoa, dois pacientes dos quais se suspeitava deram negativo nos testes; no Mali, se dúvida de quatro pacientes doentes, dois dos quais ficaram descartados com os testes de laboratório, e de outros dois se está à espera; e em Gana todos os casos suspeitos foram descartados.

Ainda assim, a possibilidade de expansão da doença para novas áreas é muito grande, segundo a OMS. Stephane Hugonnet, médico da organização que esteve recentemente na Guiné afirmou que “na floresta úmida guineana, a epidemia não acabou, lá é o epicentro. Enquanto não acabar lá, haverá casos exportados para o resto do país”.

Cerca de 50 especialistas estrangeiros foram enviados à Guiné pela OMS para ajudar a conter o surto e a boa notícia é que muitos deles são de Uganda, RDC (República Democrática do Congo) e Gabão, países que sofreram epidemias anteriormente e sabem como agir para combatê-las.

Ainda assim, a OMS não encara a situação com muito otimismo. Segundo Fukuda, um dos aspectos que dificultam o tratamento do ebola são "os rumores gerados", que prejudicam o controle epidemiológico ao ciar falsos alarmes, ou ao contrário, levam a esconder casos por medo de discriminação.

Além disso, o fato de a doença ter chegado à capital, Conakry, onde os contatos entre as pessoas são mais assíduos e, sobretudo, podem ocorrer com desconhecidos, dificulta enormemente a tarefa de rastrear a trajetória do vírus. Dos 157 casos surgidos na Guiné, 20 foram detectados em Conacri.

Por enquanto, as pessoas que estão mais em perigo de contrair a doença são os trabalhadores de saúde, os familiares dos doentes, e as pessoas que participam de funerais e que entram em contato com o corpo do falecido.

Até o momento, a maior epidemia de ebola foi a de Uganda no ano de 2000, quando 425 pessoas contraíram a doença.

O período de incubação do vírus é de entre dois e 21 dias, é por isso que a OMS poderá falar de controle do surto somente depois de 42 dias sem que se tenha detectado nenhum novo caso, um cenário que por enquanto não se vislumbra a curto prazo.

Alta de pacientes

Apesar da situação ainda crítica, a organização Médicos Sem Fronteiras anunciou ontem (08/04) que uma série de pacientes recebeu alta do tratamento de ebola depois de terem sobrevivido à doença, cuja fatalidade chega a 90%.

O ebola está associado a altas taxas de mortalidade e não há tratamento específico para o vírus. No entanto, as chances de sobrevivência dos pacientes aumentam se eles receberam cuidados adequados, incluindo hidratação constante e tratamento para infecções secundárias.

“Quando o primeiro paciente foi liberado do centro de tratamento, fiquei muito feliz e a equipe inteira estava celebrando”, conta Marie-Claire Lamah, médica guineana que está atuando com MSF no centro de tratamento de Ebola no hospital Donka, em Conakry.




Diretório Estadual de São Paulo do Partido dos Trabalhadores
Rua Abolição, 297, Bela Vista - 01319-010 - São Paulo - SP
Telefone (11) 2103-1313

Licença Creative Commons Esta obra foi licenciado sob CC-Attribution 3.0 Brazil.
Exceto especificado em contrário e conteúdos replicados.