Governo do PSDB em SP ignora significado de gestão

Transportes, segurança, saneamento e educação. Observadas e analisadas com cuidado e atenção, todas as áreas sofrem com má gestão e má administração dos recursos e políticas públicos

Por Emidio de Souza
Terça-feira, 8 de abril de 2014


Gestão se tornou uma palavra em voga nos últimos tempos. Grandes multinacionais e até empresas de médio porte buscam por soluções que facilitem e otimizem a gestão de pessoas, de recursos e de investimentos. No dicionário, gestão significa administração, gerenciamento e condução.

No governo do Estado de São Paulo, há 20 anos comandado pelo PSDB, a palavra é desconhecida ou simplesmente ignorada. A falta de gestão se revela em todos os campos analisados, para infelicidade geral da população que vive, trabalha e faz negócios no ente federativo mais rico do Brasil.

Transportes, segurança, saneamento e educação. Observadas e analisadas com cuidado e atenção, todas as áreas sofrem com má gestão e má administração dos recursos e políticas públicos.

Os resultados estão aí, sentidos diariamente pelos 23 milhões de habitantes que circulam em São Paulo: violência descontrolada, apagão nos transportes, crianças saindo da escola mal sabendo ler e fazer operações simples de matemática, rios poluídos, índices de saneamento básico vergonhosos e, como se não bastasse, racionamento de água.

O rio Tietê passa por um processo de despoluição há 22 anos, no qual já foram consumidos US$ 3,6 bilhões, e não apresenta sinal de melhora

Os impactos da administração falha do governo de Geraldo Alckmin são percebidos na capital e no interior.

A vida de uma pessoa que mora em Guarulhos e trabalha no centro de São Paulo é dificílima, seja ela dona de automóvel próprio, seja ela dependente do transporte público.

A primeira visão é do rio Tietê. Referência do nosso Estado, o rio passa por um processo de despoluição há 22 anos. Já foram consumidos US$ 3,6 bilhões. E há alguma diferença? Nenhuma. Nosso amado rio, maltratado há anos, não apresenta um sinal de melhora sequer e deixa de ser fonte alternativa de transporte. Nas grandes cidades do mundo, como Paris, Londres e Nova York, as pessoas contam com o rio como um meio de locomoção.

Se o cidadão for fazer o trajeto de carro, enfrentará um congestionamento cansativo e duradouro, que se torna ainda mais longo em razão do odor que o nosso Tietê exala. Se a tentativa for de transporte público, a agonia será tão grande ou maior. Prometida desde 2007, a linha de metrô de Guarulhos está atrasada.

A segurança pública é tema que renderia por si só um único artigo. O medo tomou conta da população de São Paulo. Até no interior, que por muitos anos foi considerado um éden de segurança, a violência se espalhou.

Pesquisa de vitimização feita pelo Datafolha em parceria com o Ministério da Justiça apontou que 45,7% das pessoas se sentem muito inseguras na cidade de São Paulo.

O número de roubos (patrimônio e cargas) disparou e, de dentro dos presídios, facções criminosas comandam assaltos, roubos, assassinatos e usam livremente os celulares para orientar seus pares. Não é possível aceitar que um Estado como o nosso não consiga bloquear os sinais de telefone de dentro dos presídios - superlotados e sem qualquer política de reabilitação dos detentos.

O quadro da aprendizagem é dramático: no ensino médio, em português, apenas 26,8% dos alunos têm desempenho adequado; em matemática, o número cai para 4,8%, segundo dados do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação de Ensino Básico) de 2012. Quem tem filhos na escola estadual percebe isso.

Um taxista me disse outro dia: `se eu começar a cavar com uma colher, é capaz de eu fazer metrô com mais rapidez que o governo`

Os dados sobre o saneamento básico nos deixam envergonhados. Somente 50% do esgoto é coletado e tratado pela Sabesp. O restante corre livremente para os rios e mananciais, tornando a crise do abastecimento ainda mais grave, pois não há alternativas de captação em outras fontes de água, que foram poluídas por esgoto doméstico e industrial.

O metrô também é um capítulo à parte. Enquanto a Cidade do México conta com mais de 200 quilômetros de metrô, São Paulo tem pouco mais de 74 quilômetros. E ambas as cidades iniciaram a construção no mesmo período. O governo tucano constrói em media 1,7 quilômetro de metrô por ano. Um taxista me disse outro dia: "se eu começar a cavar com uma colher, é capaz de fazer metrô com mais rapidez".

Sem falar das panes sistemáticas nos trens, resultado também de equipamentos antigos e sem a manutenção necessária e, com contratos sob suspeição.

As empresas e indústrias também sofrem a consequência da falta de organização. O Estado de São Paulo não tem sequer um departamento ferroviário para planejamento, e o Ferroanel começa a sair do papel agora, com investimentos do governo federal.

Apenas 80 mil dos 2,5 milhões de contêineres que chegam no porto de Santos são transportados por trens. O restante das mercadorias anda pelas estradas, complicando a vida do povo paulista até quando tenta se divertir e ir viajar.

São dados que nos deixam angustiados, tristes e com uma dúvida latente: com tantas empresas instaladas no Estado e pautadas pela gestão, por que o governo do Estado de São Paulo não consegue aprender o significado desta palavra?

*Emidio de Souza é presidente do PT-SP




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