Jovens fortalecem interesse na sucessão rural
Aos 20 anos, Débora Berghahnn já possui algumas definições para a sua vida pessoal e profissional. Uma delas diz respeito à permanência no campo
Quarta-feira, 2 de abril de 2014
Para potencializar a produção e a comercialização dos produtos cultivados pela propriedade de sua família, ela conta com o apoio das políticas públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Nascida e criada no campo, Débora divide seu tempo entre os estudos, o plantio de hortaliças e fumo, mantido pela família, e as atividades que desenvolve junto à Cooperativa Léo Boqueirense de Agricultores Familiares (Cooperlaf). “Defino meus horários conforme as atividades que tenho durante a semana. Se não conseguir estudar durante o dia, tiro algumas horas à noite para me dedicar, nada que me atrapalhe”, explica.
A origem do entusiasmo e orgulho de viver e se manter no campo ela não sabe ao certo explicar. “Sempre gostei, acho que também por influência dos pais. Como ajudava minha mãe e minha vó na horta, o gosto foi aumentando. Então, decidi que era isso que ia fazer, quis dá sequência a esse trabalho. Aí, fui estudar.”
Os estudos de Débora já incluem a formação técnica nos cursos de Agropecuária e Agroindústria, este ainda em curso. “A cooperativa tem em torno 70 produtos que a gente comercializa. Muitas vezes, a gente beneficia o excedente das frutas ou mesmo das hortaliças da cooperativa. O curso de Agroindústria é para contribuir com o restante do grupo, para ajudar na fabricação de doces e conservas.”
Atualmente, a comercialização dos alimentos produzidos pela família de Débora é feita pelos Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ambos articulados pelo MDA, e também nas feiras das região. Além disso, a família recebe os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Implementadas para fortalecer a agricultura familiar, as ações públicas vão de encontro às diretrizes levantadas pelo no Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), reconhece à contribuição da agricultura familiar para a segurança alimentar e para a erradicação da pobreza no mundo.
“O desafio da permanência da juventude no campo é muito importante para a própria sobrevida da agricultura familiar. Não se deslumbra a ação desse segmento nos próximos anos sem pensar na juventude. Por esse motivo, o MDA acredita que o fortalecimento da juventude ocorra por meio das ações que incentivam a permanência do jovem no campo, com qualidade de vida e acesso às mesmas condições oferecidas ao jovem urbano”, avalia o assessor especial para Juventude do MDA, Maurício Kasper.
Débora adianta ainda que, em breve, será disponibilizado um curso do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo) em Boqueirão do Leão. “Já estou vendo como faz a inscrição porque também quero participar. A gente não pode ficar parada, tem que sempre se atualizar”, alerta a jovem, que aguarda os resultados do vestibular que fez para o curso superior de Desenvolvimento Rural.
Diversificação
Na lida com a lavoura, a jovem garante que participa de todas as etapas do plantio. O trabalho da nova geração de agricultores da família trouxe renovação também para a maneira de cultivo priorizada pelos pais de Débora. A jovem explica que, há três anos, a família começou a investir na diversificação da cultura, até então predominada pelas plantações de fumo. “A gente trabalha com uma cultura, mas nunca deixou de ter a horta em casa, sempre com bastante frutas e hortaliças. De uns tempos para cá, começamos a comercializar o excedente dessa horta. Meus pais ainda trabalham com o fumo, mas estão pensando em diminuir esse plantio para se dedicar mais às hortaliças, mudança que conta com o meu incentivo. Pretendo, cada vez, mais diversificar, esse está sendo o nosso foco”, conta.
Juventude rural
Cerca de oito milhões de jovens brasileiros residem no meio rural, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com idade de 18 a 29 anos, eles foram responsáveis por acessar 37,4% dos recursos destinados ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), entre os anos de 2002-2013. Na educação, a juventude ocupou, no último ano, 63,6% das matriculas do Pronatec Campo.