Documento oficial que registra "prisão" de Honestino é encontrado
" Preso em 10 Out 73 no Rio de Janeiro.” O curto enunciado, recém-descoberto, é a mais preciosa pista encontrada desde o desaparecimento de Honestino Guimarães, há 40 anos. É a primeira citação oficial achada sobre a prisão do líder estudantil, em que se confirma também a data do “sequestro”, como define a família. Desde então, ele nunca mais foi visto.
Terça-feira, 1 de abril de 2014
O Correio Braziliense teve acesso ao documento secreto de 71 páginas, de 1978, no qual está a citação. Encontrada pela Comissão da Verdade de Pernambuco (CV-PE), a papelada foi posteriormente analisada pela congênere carioca — que achou o trecho da prisão do líder estudantil. Apesar da importância da descoberta, que pode fornecer pistas para os próximos esforços de pesquisa, o caso Honestino segue como um dos mais enigmáticos crimes da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985).
A citação a Honestino Monteiro Guimarães faz parte da resposta do Serviço Nacional de Informações (SNI) a uma série de dados solicitados pelo Ministério da Aeronáutica, em 1978. O pedido de buscas do Quartel General do Comando Costeiro da Aeronáutica desejava saber o paradeiro de dezenas de opositores da ditadura. Entre eles, também estava Fernando Santa Cruz, cujo sumiço é investigado pela CV-PE. A informação da prisão do estudante, em 22 de fevereiro de 1974, estava na mesma resposta do SNI e, assim como no caso Honestino, foi encontrada pela primeira vez, oficialmente, no mesmo documento.
“Fernando Santa Cruz é pernambucano, mas desapareceu no Rio. Eles nos deram isso e, quando nós escarafunchamos, vimos lá o Honestino também”, explica o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro (CV-RJ), Wadih Damous. No trecho em que trata do ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), o SNI listou para a Aeronáutica algumas informações sobre Honestino: o codinome “Alexandre”, o histórico policial, a condenação a 19 anos de cárcere com base no AI-2 e, mais importante, a data da prisão do goiano de Itaberaí.