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Alexandre Padilha: “Muito cedo tive que aprender o que era a Ditadura e o que era a democracia”
Ao lado do pai, preso e torturado pelos militares, ex-ministro da Saúde participa de ato “Ditadura Nunca Mais – 50 anos do Golpe” na sede do antigo DOI-CODI
Terça-feira, 1 de abril de 2014
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Na manhã desta quarta-feira (31), o ex-ministro da Saúde e coordenador da caravana Horizonte Paulista, Alexandre Padilha, participou do ato “Ditadura Nunca Mais – 50 anos do Golpe” realizado na antiga sede do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), no bairro do Paraíso, São Paulo. Ao lado do pai Anivaldo Padilha, no evento organizado pela Comissão da Verdade Rubens Paiva, o ex-ministro lembrou que aprendeu desde cedo o que era a Ditadura e também valores democráticos.
“Muito cedo tive que aprender o que era a Ditadura para entender porque eu e minha mãe mudávamos de casa e não tínhamos residência fixa até meus quatro anos de idade; porque só falava com meu pai por carta ou por fita cassete e só fui conhecê-lo quando eu tinha oito anos”, contou Padilha, nascido em 1971, quando seu pai estava no exílio.
Anivaldo Padilha retornou pela primeira vez ao prédio onde foi preso e torturado no início dos anos 70. “Me sinto muito emocionado. As cenas de tortura estão voltando. Mas ao mesmo tempo sinto que é uma vitória. É uma espécie de retomada deste local", afirmou Anivaldo Padilha, que só pode retornar ao país em 1979 com a Lei da Anisitia, quando finalmente conheceu o filho Alexandre.
A Comissão Municipal da Verdade Vladmir Herzog propôs que a sede do antigo DOI-CODI, atual 36º Distrito Policial, se torne o “Memorial dos Desaparecidos”. O prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
Padilha disse que daquele período ficou um aprendizado. “Lembranças me ajudaram a ter valores mais firmes. Da democracia, do diálogo, do respeito à diversidade de opiniões e à liberdade de expressão e de imprensa.”
Para Padilha, as manifestações em torno dos 50 anos do golpe que culminaram em 21 anos de Regime Militar têm o “papel e missão de sempre lembrar o que aconteceu”. “Contar, a cada nova revelação, para a sociedade brasileira e para as novas gerações o que aconteceu. Grande parte da sociedade sequer sabia o que estava acontecendo”.