Em São Paulo, mostra “Silêncios Históricos e Pessoais” conta histórias da América Latina

Foram selecionados 17 documentários latino-americanos que trazem relações em primeira pessoa

Por Opera Mundi
Quarta-feira, 26 de março de 2014


Dizem que o silêncio diz muito, e faz algum tempo, há documentários de qualidade feitos na América Latina que começaram a escutá-lo. Dessa arte trata a 1 Mostra Silêncios Históricos e Pessoais, que traz a São Paulo, de 26 de março a 6 de abril, uma invejável seleção de 17 documentários de seis países latino-americanos - Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Uruguai.

A oportunidade é única para acompanhar o que há de mais provocativo na produção cinematográfica da região na última década, a partir de obras de indagam as tensões entre história e memória, entre o familiar e o social, o público e o privado, o íntimo e o coletivo e do olhar subjetivo de autores que interpela, a realidade, o passado e os outros, expondo sua voz e seu corpo em primeira pessoa.
Em suma, filmes que tratam do eu, mas que se ampliam e ganham transcendência em um contexto social e histórico. É o que alguns teóricos do cinema classificaram de “documentário performativo”.

O título de abertura, “Os dias com ele”, da brasileira Maria Clara Escobar, é um exemplo emblemático do “gênero”. Nele, a diretora entrevista seu pai, Carlos Henrique Escobar, filósofo e dramaturgo que foi preso e torturado durante a ditadura militar no Brasil, e o resultado é algo no meio do caminho entre a relação pessoal de Maria Clara e o pai e a experiência dele durante a ditadura. Ao ser interrogada por seu pai sobre os objetivos de seu filme, ela responde que seu documentário é uma reflexão sobre “os silêncios históricos e pessoais”.

No programa, o tema familiar é recorrente e volta a aparecer em conflitos entre pais e filhos, como no caso de “Diário de uma busca”, “Espeto de pau”, “Família típica” e “Papai Iván”. Às vezes, ele empreende travessias históricas, como em “Fotografias”, “O eco das canções”, “O prédio dos chilenos, “Segredos de luta” e “Um pogrom em Buenos Aires”. E tem também as reflexões políticas e cinematográficas, claras em “A garota do sul”, “Em busca de Iara”, “Perdida”, “Diga a Mario que não volte” e “Rua Santa Fé”.

A mostra, patrocinada pela Caixa Cultural de São Paulo, conta ainda com a presença de vários realizadores que farão encontros com o público: Maria Clara Escolbar, Cecilia Priego, Flavio Frederico, Herman Szwarcbart e Macarena Aguiló são alguns deles. Haverá também uma conferência ministrada pelo argentino Gonzalo Aguilar, professor de literatura na Universidade de Buenos Aires, autor de vários livros sobre cinema e pesquisador dedicado a entender o funcionamento da memória e da inscrição do pessoal como tentativa de dotar nosso mundo de uma narração.

O evento é 100% gratuito e, apenas para participar da conferência, é preciso inscrever-se até 30 de março. Para os interessados, a programação completa está disponível no site, onde é possível baixar o catálogo que por sinal conta com ótimos textos de apresentação.




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