Atentado em Cabul mata nove civis incluindo jornalista da AFP e ex-diplomata
O atentado foi reivindicado pelos talibãs, que lançaram uma campanha de violência para perturbar as eleições previstas para 5 de abril
Sexta-feira, 21 de março de 2014
Pelo menos nove civis, entre os quais um ex-diplomata paraguaio e um jornalista da agência de notícias francesa France Presse (AFP), foram mortos hoje (21) num atentado talibã contra um hotel em Cabul.
O ataque ocorre semanas antes das eleições presidenciais e foi cometido por quatro adolescentes que, com pistolas escondidas nas meias, conseguiram passar vários níveis de segurança do Hotel Serena, escolhido por muitos visitantes estrangeiros na capital afegã.
O atentado foi reivindicado pelos talibãs, que lançaram uma campanha de violência para perturbar as eleições previstas para 5 de abril. Os atacantes chegaram ao restaurante do hotel e começaram a disparar indiscriminadamente contra os clientes, disse o porta-voz do Ministério do Interior do Afeganistão, Sediq Sediqqi, em coletiva de imprensa.
Nove pessoas morreram no atentado: cinco afegãos e quatro estrangeiros, informou a mesma fonte, acrescentando que entre as vítimas há quatro mulheres e duas crianças.
O atentado durou três horas e terminou quando forças de segurança afegãs mataram o último dos atacantes, disse Sediqqi, acrescentando que a maioria dos clientes do hotel conseguiu se esconder em salas especiais.
Entre as vítimas está Sardar Ahmad, um jornalista da AFP, sua mulher e dois dos três filhos, informou a agência francesa. O filho mais novo do jornalista ficou gravemente ferido e recebe tratamento no hospital.
Entre as vítimas está ainda um ex-diplomata do Paraguai, Luis Maria Duarte, que estava no Afeganistão como observador das eleições presidenciais, confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros paraguaio, Eladio Loizaga.
O atentado ocorreu na véspera do Nawroz, o Ano-Novo persa, que é um feriado importante no Afeganistão, motivo pelo qual o hotel tinha organizado celebrações especiais. "Acreditamos que estes ataques têm uma ligação direta com as próximas eleições e os inimigos tentam organizar estes atentados para frustrar o povo afegão sobre o seu futuro”, disse Sediqqi.
O Hotel Serena, o mais caro de Cabul, foi alvo de ataques antes, incluindo um atentado suicida em 2008 que deixou oito mortos. Depois de melhorar os sistemas de segurança, o hotel continuou atraindo diplomatas, trabalhadores estrangeiros e empresários afegãos aos seus dois restaurantes, café e ginásio.
Sediqqi mencionou falha de segurança, uma vez que os atacantes conseguiram entrar com seis pistolas e munições. "Estamos investigando, mas nossa conclusão inicial é que uma falha na estrutura de segurança do hotel permitiu o ataque”, disse.