Após referendo, Crimeia inicia oficialmente reunificação com Rússia

Crimeia inicia oficialmente reunificação com Rússia Parlamento declara região independente de Kiev e afirma que propriedades estatais da Ucrânia na península serão confiscadas

Por Opera Mundi
Terça-feira, 18 de março de 2014


Após 96,7% da população da Crimeia ter referendado a separação da Ucrânia, o parlamento regional declarou nesta segunda-feira (17/03) a independência de Kiev e aprovou o início das movimentações oficiais para que o território seja anexado à Federação Russa. Autoridades da Crimeia já informaram que toda propriedade estatal da Ucrânia na península separatista será nacionalizada. Além disso, o rublo russo já está sendo introduzido como uma segunda moeda oficial paralelamente à grívnia ucraniana; e também há planos para que a Crimeia adote o fuso-horário russo.

“A República da Crimeia se dirige à Federação Russa pedindo que seja aceita no seio da Rússia na qualidade de uma nova entidade”, assinala o texto aprovado hoje pelo parlamento.

A movimentação oficial acontece no dia seguinte do referendo separatista na Crimeia — considerado ilegal por Kiev e pela maioria dos países ocidentais. Segundo dados oficias da comissão eleitoral, 96,77% dos 1.274.096 crimeanos que votaram no pleito optaram pela independência (83,1% dos eleitores registrados compareceram às urnas).

Uma delegação de parlamentares da Crimeia deve viajar a Moscou hoje para discutir os procedimentos necessários à anexação. O reconhecimento do Kremlin ao desejo da Crimeia será feito mediante um acordo bilateral assinado por autoridades de ambos os lados.

“A independência será reconhecida por meio da assinatura de um acordo interestatal. Acredito que abordaremos com rapidez e responsabilidade”, disse Sergei Narishkin, presidente da Duma, a câmara baixa do Legislativo russo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, vai discursar amanhã em uma sessão no parlamento para falar sobre a situação da Crimeia. Às 15h locais (8h em Brasília), Putin falará na sala São Jorge do Kremlin, para onde os deputados russos se dirigirão após o fim da sessão legislativa.

Moscou também anunciou hoje que propôs a Estados Unidos e União Europeia a criação de um “grupo de apoio” multilateral para resolver a crise na Ucrânia. A chancelaria afirmou que o colegiado deverá respeitar os “interesses do povo multiétnico da Ucrânia” e apoiar as “legítimas aspirações de todos os ucranianos de viver em segurança”.

Movimentação militar

As unidades militares ucranianas no território da Crimeia serão dissolvidas após a independência da região. O presidente do Legislativo crimeano, Vladimir Konstantinov, ressalvou que os soldados poderão continuar a viver na península se assim desejarem.

“Tudo o que se encontra aqui no território, claro, nacionalizaremos. As unidades militares serão dissolvidas, e os que quiserem podem continuar a viver aqui, por favor”, afirmou Konstantinov, acrescentando que “será um processo de reorganização normal”. Ele também deu as boas-vindas aos militares que quiserem jurar lealdade à nova formação autoproclamada. “Eles encontrarão um exército normal, sério, e terão a oportunidade de obter um bom salário, digno e de servir a nossa pátria”, disse Konstantinov.

Kiev, por sua vez, decretou hoje a mobilização parcial dos reservistas na Ucrânia. A assinatura do decreto pelo presidente interino, Aleksander Turchinov, foi feita em resposta à “continuação da agressão na república autônoma da Crimeia, que a Rússia tenta dissimular com uma grande farsa chamada referendo, que nunca será reconhecida pela Ucrânia nem pelo mundo civilizado”.

Segundo o decreto presidencial, a mobilização durará 45 dias e pode afetar todos os cidadãos que voluntariamente tenham expressado seu desejo de passar a fazer parte das Forças Armadas do país.




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