Sabesp venderá menos água à Grande São Paulo

Municípios que compram o produto da empresa paulista terão menos oferta para enfrentar seca

Por Spresso SP
Quinta-feira, 13 de março de 2014


A Sabesp vai reduzir a oferta de água aos municípios servidos pelo Sistema Cantareira que compram o produto da companhia no atacado. São cidades que têm serviço autônomo de abastecimento de água (364 dos 645 municípios paulistas) e captam de reservatórios próprios ou compram da empresa. A medida deve provocar racionamento em Guarulhos. A medida é para atender à determinação da Agência Nacional de Águas (ANA) de redução em 15,5% da captação de água máxima nas represas do Cantareira, de 33 m³/s 27,9 m³/s. O nível dos reservatórios do sistema estão em 15,6% nesta quinta-feira (13), novamente o pior quadro desde 1974.

A Prefeitura de Guarulhos afirmou que “sofre historicamente pela vazão reduzida do volume de água enviado pela Sabesp”, conforme reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. A cidade alega que, dos 300 litros por segundo que contratou junto à empresa, estaria recebendo apenas 200 litros por segundo. A Sabesp nega e diz que o município é que não consegue reduzir o consumo. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Guarulhos disse que faz ampla campanha de divulgação nos meios de comunicação e sugere medidas de economia, e também pretende conceder desconto a quem diminuir o consumo, a exemplo do que faz a companhia do Estado.

A Sabesp, por sua vez, informa que nunca deixou de entregar o volume de água contratado pelo município de Guarulhos. A empresa reitera a solicitação já apresentada em reunião com as prefeituras e serviços municipais que recebem água por atacado da empresa (São Caetano do Sul, Guarulhos, Mauá, Mogi das Cruzes, Diadema e Santo André, entre outras) de intensificar campanhas de economia e de uso racional da água para assegurar o pleno abastecimento da população.

Santo André

O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), autarquia responsável pela água e esgoto no município do Grande ABC, informou que a cidade não deve ser afetada pela medida. “Santo André tem 22 centros de reservação (caixas d´água), o que é suficiente para abastecimento local”, informou a empresa.

“A cidade é abastecida por três sistemas – Rio Claro, com envio de 74% do volume; Rio Grande, que representa 20% do volume de água recebido pela cidade da Sabesp. Os outros 6% provêm do Sistema Pedroso, operado pelo Semasa. Como o Sistema Metropolitano de Água da Sabesp é integrado, Santo André também pode ser atendida pelos sistemas Alto Tietê e Cantareira, este último o mais comprometido pela falta de chuvas”, esclareceu a autarquia. O Semasa realiza, desde o fim de novembro, uma campanha que incentiva o uso racional e a economia de água. O município aprovou em fevereiro a medida para conceder desconto de 30% na conta de água para munícipes que economizarem 20% de sua média de consumo.

Alerta

O governo do Estado foi alertado em dezembro de 2009 sobre a fragilidade do Sistema Cantareira e instruído a tomar medidas para evitar o colapso do abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo. O alerta consta do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Produzido pela Fundação de Apoio à USP, o documento reforçou o diagnóstico da década passada, quando a outorga para a captação de água foi concedida à Sabesp. Segundo o relatório, em 2009 o sistema apresentava altas garantias de atendimento, porém já tinha “deficits de grande magnitude”.

Para o Ministério Público do Estado, houve demora do governo em tomar medidas para impedir a situação atual de iminente desabastecimento. Segundo o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, há dez anos a Sabesp sabe que deveria buscar alternativas para o abastecimento da Grande São Paulo. ”Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento”, afirma.




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