Mesmo com chuvas, Cantareira não para de secar

Nível no sistema atingiu nesta quarta-feira 16,1% de sua capacidade, pior situação desde os anos 1970

Por Spresso SP
Quinta-feira, 6 de março de 2014


O nível das represas do Sistema Cantareira, que abastece parte da capital e de alguns municípios da Grande São Paulo, vem caindo desde o início de março, apesar das chuvas observadas desde o fim de fevereiro. Nesta quarta-feira (5), a quantidade de água armazenada no sistema era de 16,1% de sua capacidade total, uma queda de 0,1 ponto porcentual em relação ao dia anterior. Há um ano, a reserva no Cantareira era de 57,1%. O nível atual de armazenamento é o mais baixo desde o início das operações do sistema, no começo dos anos 1970.

No sábado (1), choveu pouco mais da metade que em todo o mês de fevereiro na região das represas do sistema: foram 39,2 milímetros; em fevereiro, o acumulado foi de 73 mm, ante média histórica de 202,6 mm. A quantidade de chuva, porém, caiu drasticamente nos dias seguintes, o que explica a queda diária do nível do sistema. O acumulado de chuva em março, até hoje, é de 44,7 mm. A média histórica para o mês é de 184,1 mm.

Segundo o Climatempo, empresa especializada em previsões meteorológicas, “há previsão de chuva forte sobre o Cantareira nos próximos dias com a passagem de uma frente fria por São Paulo”. Segundo a companhia, “o calor muito acima do normal de janeiro e fevereiro de 2014 foi um dos culpados”. Conforme dados da Climatempo, o verão 2013/2014 está sendo um dos mais secos já observados na região do Cantareira.

Conforme dados da Sabesp, que há um mês oferece desconto para as residências que economizam no mínimo 20% de sua média de consumo, a economia no período foi, em média, de 1.985 litros por segundo. A média de consumo da população, diz a companhia, é de 161 litros por dia. A meta da Sabesp é que esse consumo diário caia para 128 litros. Essa redução permitiria o abastecimento de 1,3 milhão de pessoas. O Sistema Cantareira fornece água para cerca de 9 milhões de pessoas.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, disse no último dia 28 que a decisão sobre a adoção do racionamento de água na região será tomada após o carnaval. A Sabesp adquiriu recentemente bombas para buscar a água armazenada no chamado “volume morto” das represas do Cantareira. O volume nessa parte, que fica abaixo da tubulação de captação do sistema, é estimado em 400 milhões de litros. O líquido, porém, precisa passar por tratamento, porque é carregado de lodo e detritos.

Insuficiente

O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público Estadual em Piracicaba (interior de São Paulo), avalia que essa economia de 1.985 litros por segundo é insuficiente para afastar a necessidade de medidas emergenciais de redução de consumo, como o racionamento ou o estabelecimento de multa para o desperdício.

“É uma economia importante, mas muito menor do que se precisa”, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, um dos quatro que compõem o Gaema. No último dia 4 de fevereiro, o Núcleo PCJ-Piracicaba e Campinas do Gaema e o Ministério Público Federal expediram recomendação à Agência Nacional das Águas (ANA) e ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), órgão do governo do Estado, para tentar evitar um possível colapso do Sistema Cantareira.

O Gaema também é contrário ao uso da reserva técnica de água – o chamado volume morto – das represas do Sistema Cantareira, já autorizado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo Castanheiro, caso os reservatórios sejam consumidos integralmente, as represas podem levar cinco anos para se recuperarem e muitas cidades vão ficar sem abastecimento.




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