Entrevista LD: “Nossa maior responsabilidade é fazer com que a Coordenadoria de Juventude seja respeitada no governo” – Wagner Hosokawa

Há mais de três anos à frente da coordenadoria de Juventude da cidade de Guarulhos, Wagner Hosokawa conta sua história e explica projetos inovadores implantados em sua gestão

Por Mariana Blessa, Portal Linha Direta
Segunda-feira, 3 de março de 2014



A Entrevista LD desta semana recebe Wagner Hosokawa, coordenador de Juventude de Guarulhos. Ouça a entrevista completa na Rádio Linha Direta às 18 horas desta segunda-feira (3).

Linha Direta: Para quem não sabe, Wagner Hosokawa é referência que entre a militância petista jovem. Gostaria que você contasse um pouquinho como é que você chegou a esse ponto. Conte um pouco da sua história dentro do PT, de onde vem toda essa força.

Wagner: É uma história engraçada. Quando repeti a sexta série fui procurar o que fazer da vida e encontrei o movimento estudantil. Organizei o grêmio da escola, participei da União Guarulhense de Estudantes Secundaristas e depois da União Paulista de Estudantes. Na faculdade, me envolvi com o Centro Acadêmico e com executivo de curso. Já no PT, a primeira campanha eleitoral foi pra um companheiro em 1996, era um mandato popular e sou de uma geração que passou a década de 90 enfrentando o governo do Fernando Henrique – que na educação fez reformas pelo interesse do neoliberalismo, ou seja, a privatização da educação, dos seus recursos e cada vez mais com políticas que transformavam as escolas em depósitos de jovens e crianças, e não uma escola com educação transformadora. Então, a minha geração enfrentou todo tipo de problema, desemprego, privatização de serviços e de patrimônio público. Portanto a minha militância no Partido dos Trabalhadores vem de uma geração que ainda buscou o Lula na campanha de 1998. Minha geração e o momento brasileiro, além da minha vivência no PT, me dão a certeza que o PT é o partido político que hoje atende aos anseios de quem quer transformar e manter sempre essa mudança, porque a gente nunca pode estar conformado com as coisas como elas são. A gente avançou na renda e agora a grande luta do PT é avançar na consciência do povo brasileiro, de entender que nós queremos um Brasil sem machismo, sem racismo, sem descriminação. São desafios e acredito que estou no PT pra isso e isso vem da minha adolescência e não da minha juventude.

LD: Você agora está na coordenadoria de Juventude. Conte um pouco o que é e qual a atuação dessa coordenadoria em Guarulhos.

Wagner: A cidade de Guarulhos, desde que o PT passou a governar, tem tido um olhar para os jovens. Desde 2001 tem havido políticas específicas para a juventude e, nessa trajetória, Guarulhos foi uma das primeiras cidades a criar um conselho específico. Na criação do conselho em 2009, já no governo do prefeito Sebastião Almeida, foi criada a coordenadoria da Juventude. Em 2010, ele me convidou para que assumir essa tarefa. A coordenadoria é diferente da maioria dos órgãos de juventude no Brasil, ela é ordenadora de despesas, tem status de secretaria, ou seja, temos autonomia e responsabilidade de fazer uma gestão de juventude plena. Então na função de coordenador, no status de secretário, com toda uma estrutura para que possamos fazer convênio com o governo federal, opera o próprio orçamento e aplicar isso em serviços, projetos e programa.

LD: O que foi feito na coordenadoria desde que assumiu, há três anos?

Wagner: A coordenadoria nasceu na esteia das lutas da juventude. Como te falei, primeiro nasceu o conselho e dele as conferências de juventude, em 2008. A criação de órgãos de gestão de juventude já era uma reinvindicação antiga. Em três anos nossa maior responsabilidade foi fazer com que esse órgão seja respeitado no governo. Nós temos um problema muito sério na administração pública, aos jovens sempre se pensa em soluções mágicas. Então se o jovem é bagunceiro, resolva com ações para que ele se ocupe. São visões equivocadas da juventude. Eu sempre digo que é lapso de esquecimento que o adulto tem, de quando ele sai da vida da juventude pra adulta. Então, a coordenadoria nos três anos procurou fazer ações como a campanha “A Juventude Negra Quer Viver” – a cidade de Guarulhos é uma das cidades em que você tem um número grande de homicídios de jovens negros. São problemas de sensibilização. Outro exemplo é o programa Grafite e Cidadania, que atua como oficina de grafite nas regiões mais periféricas para que no final nós pudéssemos fazer uma espécie de formatura, um evento de grafite na região com esses jovens. Os jovens que nós selecionamos para essa oficina nunca tiveram contato com grafite, mas tem vontade de conhecer e entender. Nós trabalhamos este programa como uma ação de cidadania nos territórios. Realizamos também a Bicicletada da Juventude, que está indo pra terceira versão ano que vem e que reúne muitos ciclistas; é impressionante como a utilização da bicicleta na questão da mobilidade urbana tem sido muito grande na cidade. Tudo isso além da feira do estudante, que na última edição reuniu mais de 25 mil visitantes. Guarulhos é uma cidade que anualmente tem matriculado cerca de 35 mil jovens no ensino médio, sendo que 10, 12, 15 mil desses jovens já estão no terceiro colegial, estão em anos finais. A Feira do Estudante virou um grande polo de intervenção cultural, política e educacional e reúne não apenas faculdades e escolas, mas também uma diversidade de serviços e ações que atendem esses jovens que procuram no estado e não encontram – porque a política educacional no estado tem sido um desastre. E o jovem encontra essa alternativa na Feira de Estudante. Lembrando que a feira é o evento, que resultam em parcerias como as que temos hoje em curso de idiomas, teatro, atividades gratuitas para os jovens.

LD: Essas ações foram alinhadas com o prefeito Almeida. Como ele enxerga a juventude na cidade de Guarulhos?

Wagner: A coordenadoria incide diretamente no plano plurianual. Então nós temos nossa classificação, atuamos dentro da lei de diretrizes orçamentárias e no orçamento municipal. O prefeito Almeida vê a juventude como prioridade. Para se ter uma ideia, nós tivemos em dezembro a formatura de uma turma do Projovem urbano, que é uma parceria entre a secretaria de Educação e a coordenadoria. As ações voltadas para o debate sobre as ciclovias, ampliação de apoio ao ciclista, nós realizamos junto com a secretaria do trabalho. Então todas as nossas ações integradas são uma determinação do prefeito Almeida desde 2009, ou seja, as áreas precisam unir forças pra criar políticas públicas e é isso que nós temos feito. Recentemente agora em dezembro, o prefeito Almeida entende que isso tem que estar integrado com a parceria com o governo federal, então nós em Guarulhos estamos fazendo a adesão do “Plano Juventude Viva” pra atender as ações voltadas para o enfrentamento da violência com a juventude negra e agora a excitação a juventude que é um investimento de recurso federal que a secretaria nacional da Juventude tá destinando para as cidades. Guarulhos teve seu projeto aprovado, nós com toda certeza até janeiro, estaremos fazendo as contratações, equipamentos que foram aprovados nesse projeto que o governo federal abriu para os munícipios, então em dezembro a gente inaugura o primeiro centro de referência da Juventude num território da nossa cidade que é Inocoop/ Presidente Dutra que é uma região periférica, uma região onde o índice de criminalidade é muito forte e onde nós vamos ter a oportunidade de estar junto com a juventude num lugar bonito mas que passou muito tempo esquecido e agora teve essa revitalização. Então o prefeito Almeida entende que a coordenadoria da Juventude, é um órgão do governo que proporciona essa criação, essa criatividade de ações da juventude que acabam se integrando com outras políticas.

LD: O que são esses “Centros de Referência”?

Wagner: O Centro de Referência se a gente for pensar, objetivamente é o espaço físico, é uma casa que está cravada próxima a um bosque, numa região afastada que é Inocoop/ Presidente Dutra, lá nós queremos que seja um polo da participação da juventude. Onde a juventude possa fazer tanto as oficinas mas também cursos que temos pra oferecer. Esperamos que a juventude possa elaborar suas ações, que ela possa discutir os problemas e encontrar as soluções. Esperamos que o Centro de Referência da Juventude possa ser o espaço participativo do jovem como primeira experiência descentralizada numa região, e é lógico nós queremos expandir essa experiência pra outros espaços, nós entendemos como centro de referência, não o lugar físico, mas a articulação das ações da juventude, então tudo que passa pela juventude na região, passa pelo centro de referência. As vezes o Centro de Referencia não vai ser o lugar onde vai ser feito a oficina, por exemplo a ação do grafite, mas os jovens irão se reunir, e vão se referenciar caso queiram fazer numa outra praça, num outro local, na sua escola. Então, esse centro de referência seria um polo da participação.




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