Com Alckmin na plateia, cineasta pede “polícia mais humana” e é aplaudido de pé em premiação
Segundo o cineasta, o irmão foi morto por uma quadrilha comandada por policiais militares
Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
O cineasta Cristiano Burlan pediu ao governador Geraldo Alckmin uma “polícia mais humana” ao receber o Prêmio Governador do Estado para Cultura 2013, em cerimônia realizada nesta segunda-feira (24). Alckmin, sentado na plateia, não se manifestou.
Vencedor do prêmio do júri na categoria cinema por “Mataram Meu Irmão”, Burlan afirmou, durante discurso de agradecimento, que o governador deveria pensar em uma “polícia desmilitarizada e sem armas”. Segundo relatos de artistas presentes, a maior parte da plateia que assistia a premiação, realizada no Theatro São Pedro, na região central de São Paulo, aplaudiu Burlan de pé.
Em conversa com o UOL pelo telefone nesta terça, Burlan disse não ter visto a reação de Alckmin ao seu discurso, pois havia muita gente na plateia, mas afirmou que ficou surpreso com a resposta do público. “Foi bem forte mesmo. Não esperava essa reação”, afirmou.
“Mataram Meu Irmão”, que além do Prêmio Governador foi o vencedor dos prêmios de júri e crítica do festival É Tudo Verdade, reconstitui o assassinato do irmão de Cristiano, Rafael, por meio de depoimentos de amigos e familiares.
De acordo com Burlan, o filme tem gerado uma “reflexão muito forte sobre um tema que parece banal hoje em dia”. “Se tornou muito comum observar pela TV pessoas sendo mortas com armas de policiais na periferia por uma Polícia Militar com liberdade pra matar”, afirmou. “E isso bancado pelo Estado.”
Segundo o cineasta, o irmão foi morto por uma quadrilha comandada por policiais militares.
Apesar do discurso, Burlan disse ter ficado “muito feliz com o prêmio”, mas que “trocaria tudo o que está acontecendo com o filme pela vida do meu irmão”. “Gostaria que o filme não precisasse ter sido feito”, completou.