Abraji: São Paulo é a cidade mais violenta para repórteres

Levantamento da entidade revela que quase 60 profissionais da imprensa sofreram agressões em coberturas de protestos nos últimos meses

Por SpressoSP
Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


Uma nota divulgada nesta segunda feira (24) pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) aponta a cidade de São Paulo como a mais perigosa do Brasil para o trabalho de repórteres.

Somente neste final de semana, durante o ato contra a Copa do Mundo, no centro da capital, cinco profissionais da imprensa foram agredidos pela Polícia Militar, mesmo se identificando como jornalistas (veja vídeo no fim do texto). O levantamento feito pela associação calcula que, entre junho do ano passado e fevereiro deste ano, cerca de 59 profissionais sofreram algum tipo de violação na cobertura de protestos.

“Tentar impedir o trabalho da imprensa é atentar contra o direito da sociedade à informação e, em última análise, à democracia”, destacou a Abraji.

Confira abaixo, na íntegra, a nota divulgada pela associação:

Quatorze jornalistas que faziam a cobertura do protesto realizado no último sábado (22.fev.2014) em São Paulo sofreram agressão ou foram detidos pela Polícia Militar. Pelo menos cinco deles sofreram violações mesmo estando identificados como profissionais da imprensa.

Sérgio Roxo (O Globo), Reynaldo Turollo (Folha de S.Paulo), Paulo Toledo Piza (G1), Bárbara Ferreira Santos (Estadão), Fábio Leite (Estadão), Victor Moriyama (freelancer) e Felipe Larozza (Vice) foram detidos temporariamente, por períodos que variaram de alguns minutos a cerca de três horas. Roxo, Bárbara e Moriyama também sofreram agressões.

Bruno Santos (Terra) sofreu uma torção no tornozelo e foi atingido por golpes de cassetete enquanto tentava escapar de uma confusão em meio ao protesto.

Evelson de Freitas (Estadão), Amanda Previdelli (Brasil Post), Mauro Donato (Diário do Centro do Mundo), Tarek Mahammed (Rede de Fotógrafos Ativistas), Alexandre Capozzoli (Grupo de Apoio Popular) e Alice Martins (Vice) foram agredidos com cassetetes, golpes de escudo ou chutes.

Com estes, chegam a 57 os casos de agressões e detenções de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cometidos por policiais militares desde junho de 2013 em São Paulo. Dessas ocorrências, a maioria – 56% – foi deliberada, ou seja, o jornalista identificou-se como tal e mesmo assim foi agredido ou detido.

São Paulo mostra-se a cidade mais violenta para repórteres em cobertura de manifestações: dos 133 casos de agressões registrados de 13.jun.2013 a 22.fev.2014, 63 ocorreram na capital paulista. Um total de 59 profissionais sofreu algum tipo de violação. O levantamento completo pode ser baixado neste link.

A Abraji lamenta, mais uma vez, que jornalistas sejam detidos e agredidos enquanto realizam seu trabalho durante a cobertura de manifestações de protesto. Tentar impedir o trabalho da imprensa é atentar contra o direito da sociedade à informação e, em última análise, à democracia.

No vídeo abaixo é possível constatar a maneira como os policiais violam e restringem o trabalho dos jornalistas. Na ocasião, no ato Contra a Copa do último domingo (23), PM dá voz de prisão a profissionais de imprensa por simplesmente estarem registrando os fatos.



Hoje (24), a direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) pediu uma audiência ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) para exigir esclarecimentos e providências sobre a ação da PM nas manifestações contra os jornalistas. Em quase todas os protestos, desde junho do ano passado, a polícia agrediu ou prendeu arbitrariamente profissionais da imprensa. “Os episódios são recorrentes e nenhuma atitude foi tomada, seja pelo Comando da PM ou pela própria Secretaria de Segurança Pública. Portanto, só nos resta apelar para o governador”, revelou José Augusto Camargo, presidente do sindicato.




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