Opositor Leopoldo López se entrega durante marcha na Venezuela

Acusado por Maduro de ser um dos autores intelectuais da onda de violência no país, ele se apresentou às forças de segurança

Por Opera Mundi
Terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Acusado pelo presidente Nicolás Maduro de ser um dos autores intelectuais da violência por trás dos protestos da semana passada na Venezuela, o dirigente opositor Leopoldo López se entregou nesta terça-feira (18/02). Minutos depois de terminar seu discurso na marcha organizada em Caracas, às 12h20 (13h50, horário de Brasília), López apresentou-se a membros da Guarda Nacional do país.
Com uma camisa de mangas compridas, López afirmou que se sua entrega servir para "despertar" o povo e para os venezuelanos conseguirem uma mudança, "valerá à pena". Havia uma ordem de prisão contra o líder opositor.

O dirigente, que conduz uma campanha denominada “A Saída”, na qual se propõe à população ir às ruas para uma mudança de governo, é acusado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro de ser o autor intelectual da violência que provocou três mortes nos protestos da última quarta-feira (12/02).

"Hoje eu me apresento a uma Justiça injusta, corrupta, que não julga de acordo com a Constituição e as leis. Mas, no dia de hoje também, me apresento diante de vocês com meu mais profundo compromisso de que meu encarceramento vale para o despertar de um povo, para que a Venezuela se desperte definitivamente e que a maioria dos venezuelanos que queiramos mudança possamos construí-la em paz e democracia, pois valerá a pena”, expressou López.

Imagens exclusivas transmitidas pela emissora Globovisión mostram o momento, em que já dentro de uma unidade policial e cercado por efetivos, López fala à população por meio de um alto-falante com fio, pedindo tranquilidade. "Peço de coração que permitam que saiamos daqui em paz e tranquilidade" para dar continuidade "à luta para resgatar a Venezuela", expressou.

Início

Cerca das 10h da manhã do horário local, uma multidão já se reunia no local onde a marcha teve início. “Estou aqui para apoiar o Leopoldo López. Estamos mais organizados e ele é uma das cabeças mais destacadas da oposição, é o líder agora”, disse a Opera Mundi Ruben García, de 32 anos, que trabalha com engenharia civil.

Segundo ele, que mora em Valencia, no estado venezuelano de Carabobo, os manifestantes não podem pedir uma mudança de governo, “porque isso seria um golpe de Estado”, mas sim que o governo mude lineamentos, como “a gestão da economia e o ataque à empresa privada”.

Para Solange Alcaza, de 57 anos, as pessoas que antes se reuniam em torno do líder opositor Henrique Capriles passaram a se reunir ao redor de López. “Mas o problema não é Leopoldo e Capriles, mas a escassez, a insegurança, os problemas nos hospitais”, disse, que tem um comércio de tecidos e afirmou que está a ponto de falir por falta de matéria-prima.

“Queremos viver em uma Venezuela melhor. Espero que o governo reaja às manifestações e acabe renunciando”, disse Génesis Hernández, de 18 anos, que acaba de se formar no ensino médio e quer estudar direito. “Infelizmente, não há outra opção. Um golpe de Estado seria violento, se eles [governo] querem paz, que o façam numa boa”, disse.

Génesis foi à marcha acompanhada de sua irmã, Grecia Hernández, de 25 anos. Publicitária, explicou estar no local porque, segundo ela, o governo é quem promove a violência. “Eles são os violentos”, disse, ressaltando que o protesto estava sendo realizado pacificamente. Segundo ela, é preciso sair de casa, apesar do medo de que alguma coisa acontecesse durante a manifestação.

Paralelamente ao ato convocado por López, uma grande manifestação chavista rumava ao Palácio de Miraflores, sede presidencial, no centro de Caracas. Por essa razão, López mudou o ponto de partida de sua manifestação.




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