Saúde apresenta estrutura preparada para a Copa do Mundo de 2014
Nas 12 cidades-sede, 531 unidades móveis do Samu, 66 UPAs e 67 hospitais funcionam de forma integrada para atender os torcedores brasileiros e estrangeiros
Segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Cerca de 10 mil profissionais de Saúde foram capacitados para atuar durante a Copa do Mundo de 2014. São servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam em estados, municípios, além de voluntários da Força Nacional do SUS. A estrutura do sistema de saúde nacional preparada para o evento foi apresentada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, neste fim de semana.
As 12 cidades-sede têm um aparato de 531 unidades móveis do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 66 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e 67 hospitais que funcionam de forma integrada para fazer o atendimento da população local e dos turistas brasileiros e estrangeiros. São elas - Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
"Todo investimento que o governo vem fazendo, entre 2011 e 2013, é destinado à qualificação da estrutura médico-hospitalar tanto na área de urgência, na área de internação, expansão dos leitos de terapia intensiva, leitos hospitalares, UPAs, e qualificação do Samu. São ações voltadas à estruturação e qualificação do Sistema Único de Saúde dentro das redes de atenção à saúde, políticas prioritárias do Ministério da Saúde, desenvolvidas desde o início do governo da presidenta Dilma Rousseff", ressaltou Chioro.
O Ministério da Saúde vem trabalhando para aprimorar a infraestrutura e organização dos serviços, aproveitando a Copa do Mundo para qualificar o SUS não só durante o evento, mas para deixar um serviço de maior qualidade como legado para os brasileiros. Em 2011, foi criada a Câmara Técnica Nacional de Saúde, que integra profissionais de diversas áreas dos segmentos do Ministério da Saúde e das 12 cidades e estados que sediarão os jogos para trabalhar de forma padronizada e integrada, estruturando processos de gestão, mapeando os riscos e normatizando o trabalho das ações de vigilância e assistência à saúde no âmbito nacional, estadual e municipal.
"A expectativa e a necessidade de atendimento para o público que vem para a Copa do Mundo e vai frequentar os estádios é muito pequena. Toda a melhoria do Sistema Único de Saúde é um legado que fica para a nossa população, para as nossas cidades-sedes, e também impactam nas regiões metropolitanas onde elas estão localizadas. É uma estruturação que já está disponível e ficará para o atendimento cotidiano da população", frisou.
Preparo
Com base no histórico de copas do mundo realizadas em outros países e na experiência brasileira com a Copa das Confederações no ano passado, a expectativa é que, nos locais dos jogos, de 1% a 2% dos torcedores necessitem de algum cuidado médico. Deste percentual, mais de 99% das demandas costumam ser atendidas e resolvidas no local. E entre 0,2% e 0,5% necessitam ser encaminhadas para hospitais de alta complexidade. O perfil do público que costuma frequentar este tipo de evento em sua maioria são jovens adultos, de 25 a 49 anos, que, em geral, são saudáveis e não necessitam de cuidados especializados de saúde.
Além da estrutura já montada para atender a população brasileira de forma contínua - que prevê o atendimento também de estrangeiros no caso das urgências -, o Ministério da Saúde criou planos de contingência para acidentes com múltiplas vítimas e para acidentes com produtos químicos, biológicos, radiológicos e nucleares.
As secretarias estaduais e municipais de saúde vão montar próximos aos estádios postos médicos avançados, que funcionam como Unidades de Pronto Atendimento. Se necessário, a Força Nacional do SUS poderá complementar estes postos com até nove outros, que serão montados apenas em situações que extrapolem a capacidade de resposta das cidades-sede.
Para monitorar as situações de risco, a demanda por atendimento e vigilância, e dar respostas coordenadas, o Ministério da Saúde criou, em 2011, o Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (Ciocs), que coordenará as ações de saúde juntamente com as secretarias. Há uma sede em Brasília e um centro regional em cada cidade-sede. Eles serão ativados até 20 dias antes do início da Copa do Mundo e permanecerão ativos algumas semanas após para monitorar o retorno das delegações e turistas aos seus países de origem. Cerca de 1,5 mil profissionais de saúde atuarão nas atividades de campo e de monitoramento.
Graças aos Ciocs, foi possível dimensionar os atendimentos realizados durante a Copa das Confederações. Foram atendidos 1.598 torcedores entre os 796 mil que participaram dos jogos. Não houve caso grave registrado. Cerca de 98% das ocorrências foram resolvidas no local.
Nos estádios e intermediações (até 2 quilômetros de distância das arenas), a Fifa é a responsável pelos atendimentos de emergência. Mas haverá um profissional de referência do Ciocs dentro de cada estádio para monitorar as ocorrências, além de outros profissionais da vigilância e assistência para fazer a avalição de risco e garantir atendimento, acionando a estrutura do SUS quando houver necessidade.
Os Ciocs fazem parte de uma estrutura maior, que abrange os demais órgãos envolvidos na organização do grande evento, que trabalham de forma articulada no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), criado em 2011. Este centro desenvolve ações coordenadas de monitoramento e compartilhamento de informações conforme a necessidade. Além do Ministério da Saúde, fazem parte do CICCN a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça, Ministério do Esporte, Política Federal, Defesa Civil, dentre outros. Há um centro regional em cada cidade-sede.
O Samu vai trabalhar integrado às operadoras dos planos privados de saúde em cidades onde acordos travados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) devem viabilizar que as ambulâncias do SUS encaminhem para hospitais particulares pacientes com planos de saúde.
Em ação coordenada pela Anvisa, os órgãos de vigilância sanitária locais têm intensificado suas atividades de fiscalização em hotéis, bares, restaurantes e hospitais. De forma articulada com a Fifa, a agência também está acompanhando a seleção e estruturação dos prestadores de serviços de alimentação e saúde nas arenas. Profissionais da vigilância sanitária estão sendo capacitados em grandes eventos para avaliar as capacidades, identificar os pontos que requerem harmonização e apoio técnico específico, testar ferramentas e realizar intercâmbios de práticas exitosas. Nos portos e aeroportos, a Anvisa vai ampliar o número de profissionais que trabalham na detecção e resposta a eventos de interesse em saúde pública.
Prevenção
O Ministério da Saúde tem realizado campanha junto aos profissionais que atuam no ramo do turismo (taxistas, profissionais do setor hoteleiro) para tomarem de forma gratuita no SUS vacina contra sarampo - doença comum nos países da Europa.
O período da Copa não é propício à transmissão da dengue por questões climáticas. Nesta época do ano há uma queda de quase 74% dos casos da doença no País. Mesmo assim, o governo federal vem direcionando recursos para campanhas de prevenção, principalmente nas cidades-sede. Em 2013, destinou recurso adicional de R$ 363 milhões para os Planos de Combate a Dengue dos municípios brasileiros - R$ 53,6 milhões para as cidades-sede da Copa das Confederações. E serão realizadas inspeções nos estádios e outros lugares de aglomeração para evitar criadouros do mosquito e borrifação de inseticidas.
Secretarias Municipais de Saúde, são parte do Programa Mais Educação, do Ministério da Educação e Saúde na Escola, do Ministério da Saúde. Os professores, que serão replicadores das mensagens nas escolas, participaram de treinamento. O projeto será apresentado aos alunos a partir de 24 de fevereiro, com duração de 13 semanas.
Em parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/AIDS (Unaids), o Ministério da Saúde também lançou a campanha "Proteja o Gol", que prevê a oferta de 1,8 milhão de preservativos e 10 mil testes rápidos, além de aconselhamento por meio de unidades móveis disponíveis nas 12 cidades-sede.