Lula ao New York Times: “Brasil não vai seguir modelo de baixos salários”

A matéria lembra a história política de Lula e de seu governo e ressalta que é “um dos políticos brasileiros mais populares"

Por PT no Senado/ Reprodução The New York Times
Sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Promover a prosperidade e fazer com que uma economia se torne competitiva não implica estabelecer uma política econômica amparada em baixos salários. Esse foi o tom da entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a jornalistas do New York Times e publicada na última quarta-feira (12).

A matéria lembra a história política de Lula e de seu governo e ressalta que é “um dos políticos brasileiros mais populares e poderosos e que liderou uma das mais notáveis expansões da economia e declínio da pobreza durante seus dois mandatos”.

Reproduzimos abaixo, a versão em tradução livre da matéria do Times

Apesar da brusca desaceleração do crescimento econômico brasileiro, o País não tem intenção de reproduzir o modelo chinês de competitividade baseado em baixos salários como forma de promover a prosperidade, afirmou o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta-feira (12).

O Sr. da Silva, um dos políticos brasileiros mais populares e poderosos e que liderou uma das mais notáveis expansões da economia e declínio da pobreza durante seus dois mandatos, encerrados em 2011, também afirmou que o Brasil vê seu futuro no investimento na educação e na promoção de uma força de trabalho tecnologicamente qualificada.

Ele foi entrevistado pelos editores durante uma visita ao The New York Times, quando defendeu o progresso econômico alcançado durante seu governo e as políticas adotadas por sua sucessora, Dilma Rousseff, de quem foi mentor. A Sra. Rousseff disputa a reeleição em outubro, mas não tem a mesma popularidade de Lula.

O Sr. da Silva, 68 anos, popularmente conhecido como Lula, vem fazendo campanha para Dilma e acredita que ela ganhe o pleito.

Provocado a explicar a inabilidade brasileira para atrair investimentos das empresas de tecnologia na mesmo proporção que consegue a China, o Sr. da Silva questiona a comparação. Reconhece que o Brasil tem deficiências competitivas e afirmou que o aumento da remuneração e dos benefícios aos trabalhadores brasileiros beneficiou a economia.

“Não queremos ser competitivos como a China, onde não há programas de bem estar social, onde não há obrigações com os trabalhadores, nem fundos de pensão oi sindicatos e as pessoas recebem salários irrisórios”. Afirmou Lula por meio do intérprete. “Não queremos esse modelo para nós. Estamos indo bem do nosso jeito”.

Durante o último ano do Sr. da Silva na presidência, a taxa de crescimento econômico do Brasil foi de 7,5%, mas os índices caíram drasticamente no mandato da Sra. Rousseff, em boa medida em decorrência da desaceleração da China, que vinha sendo uma voraz consumidora das matérias primas de países como o Brasil.

O Sr. da Silva afirmou que o Brasil aspira ser competitivo com as economias altamente industrializadas e avançadas como os Estados Unidos, Alemanha e Coreia do Sul. Ele disse não estar preocupado com as novas incertezas da economia global, incluindo a possibilidade de as fragilidades dos demais países do BRICS — Rússia, Índia, China e áfrica do Sul — afetarem o Brasil, o maior país da América Latina.

Lula também esfriou a especulação sobre uma nova disputa à presidência, caso a campanha da Sra. Rousseff não decole, ou mesmo em 2018. Pela lei brasileira, um presidente não pode acumular três mandatos consecutivos.

“Nem sei se estarei vivo em 2018”, afirmou o Sr. da Silva. “Acho que já cumpri minha missão”.




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