Em plano de transição entregue em Genebra, oposição síria quer governo provisório e cessar-fogo total
Em negociação pela paz, delegação opositora apresenta a ONU e governo sírio plano com 22 pontos para encerrar guerra civil
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
No fim do terceiro dia da segunda rodada de negociação de paz em Genebra, a coalizão de oposição síria apresentou um documento de 22 pontos com sua proposta sobre como deve ser a transição política para pôr fim à guerra civil no país que já dura três anos.
O documento obtido pela agência Reuters sugere a formação de um governo de transição cujo papel seria supervisionar o cessar-fogo total entre Exército e oposição, trégua que seria monitorada pela ONU (Organização das Nações Unidas). O corpo executivo provisório também teria prerrogativa para libertar prisioneiros, dar início a um processo de justiça de transição e decretar anistia geral, além de afugentar os mercenários estrangeiros empregados por ambos os lados do conflito.
"Apresentamos nosso principal documento, um plano detalhado e de princípios para guiar a transição", sob a direção de um órgão de governo transitório "que deve ser formado por consenso mútuo", anunciou o porta-voz da oposição, Louay Safi.
As diretrizes — que não fazem menção ao futuro do atual presidente, Bashar al Assad — foram apresentadas nesta quarta-feira (12/02) ao mediador das conversas de Genebra II, o diplomata Lakhdar Brahimi, designado pela ONU e pela Liga Árabe.
"O governo de transição vai preparar e supervisionar um cessar-fogo total, tomando medidas imediatas para interromper a violência, proteger a população civil e estabilizar o país diante da presença de observadores internacionais da ONU", assinala o documento de cinco páginas, de acordo com a Reuters. A proposta ainda não recebeu respostas por parte da delegação governamental.
Negociações paralelas rejeitadas
Também hoje, ambas as delegações do governo e da oposição sírias rejeitaram a estratégia de negociar temas em paralelo. Ontem, o mediador Brahimi havia proposto que os representantes sírios debatessem, já que não há consenso nem quanto à agenda, os dois principais temas separadamente: fim da violência (prioridade do governo) e formação de governo de transição (pauta da oposição).