De olho nas urnas, Alckmin descarta adotar racionamento

Medida foi tomada em Diadema e S. Caetano; demais cidades seguem com abastecimento normal

Por ABCD Maior
Terça-feira, 11 de fevereiro de 2014


Preocupado com o ônus de um racionamento de água em ano eleitoral, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) descarta a adoção da medida, apesar de o Sistema Cantareira ter atingido nesta segunda-feira (10/02) o nível mais baixo de sua história, com apenas 19,6% da capacidade. O Cantareira responde pelo abastecimento de 8,8 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. No ABCD, o sistema abastece 100% de São Caetano e parte de Santo André.

De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), já desde outubro de 2013 a chuva tem ficado 50% abaixo do esperado. Dezembro e janeiro registraram índices bem inferiores ao normal no Estado. Em dezembro foram 62 mm de chuva, enquanto a média histórica para o mês é de 226 mm. Janeiro, historicamente o mês com maior índice pluviométrico, com médias que chegam a 300 mm, teve apenas 87,7 mm de chuva.

Ás pressas

Neste domingo (09), em visita a Taubaté, Interior do Estado, Alckmin afirmou que o momento é de investir em campanhas educativas, e não em racionamento. Para essas campanhas, a Sabesp teve de assinar às pressas um contrato de R$ 22 milhões, sem concorrência, com a agência de publicidade Lew Lara para incentivar a economia de água neste verão. O contrato foi assinado em 26 de dezembro e tem duração de seis meses.

O contrato publicitário anterior venceria no início de dezembro de 2013, mas uma liminar na Justiça suspendeu a nova licitação, obrigando o contrato emergencial. O imbróglio jurídico ocorreu justamente no primeiro mês de seca, dezembro, quando as campanhas já deveriam estar em ação.

O fato é que a soma do verão mais quente dos últimos 71 anos, a falta de chuvas e o elevado consumo de água têm tornado o racionamento uma possibilidade cada vez mais real para algumas cidades do Estado. Na Região, a Sabesp descartou que a medida seja implantada em São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, cidades em que administra o abastecimento. A Sama (Saneamento Básico de Mauá) também refutou a possibilidade, assim como o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

Reservatórios

A maior parte da Região é abastecida pelos sistemas Rio Claro, Alto Tietê e Rio Grande, braço da represa Billings, que por enquanto não estão comprometidos pela falta de chuva. Nesta segunda-feira, por exemplo, os sistemas operaram com 92,4%, 41,6% e 89,6% da capacidade, respectivamente, sendo o do Alto Tietê com o menor índice.

Apesar disso, muitos moradores sentem como se o racionamento já fosse uma realidade com a falta de água constante. Como ocorreu no Jardim Ana Maria, em Santo André, na última semana, que ficou 48 horas sem água. Em nota, a Sabesp explicou que o problema pode ocorrer devido ao alto consumo que prejudica o nível dos centros de reservação reduzindo a pressão nas redes de abastecimento.

De acordo com a Sabesp, os milhões de moradores da Região Metropolitana de São Paulo consomem, em média, 160 litros de água por dia por habitante. Para a ONU (Organização das Nações Unidas), uma pessoa pode viver normalmente com 110 litros por dia sem prejudicar higiene, alimentação e outras atividades.

Santo André e Mauá realizam campanhas

Apesar de o racionamento de água ainda parecer distante, Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e Sama (Saneamento Básico de Mauá) alertam a população para a economia de água.

Em Santo André, será dado desconto para moradores que economizarem água. A concessão será de 30% para quem reduzir o consumo em 20%. O valor será calculado sobre o consumo médio dos últimos 12 meses. O projeto de lei será enviado à Câmara Municipal nesta semana.

Em Mauá, a Sama iniciou operação caça-vazamento, seguida de tapa-valas. No telefone 0800 771 0001 o morador pode denunciar os pontos de vazamentos.
Diadema segue com rodízio de água

Em Diadema, a Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) adotou o rodízio de água desde o fim de janeiro. A autarquia fecha o registro de fornecimento de água de uma região baixa para abastecer uma região alta no tempo necessário para que todos possam encher as caixas d’água, depois manobra o registro para abastecer a região baixa novamente. Caso o abastecimento de água se agrave, a próxima medida a ser adotada é o rodízio 3 por 1, ou seja, 3 dias com água e 1 dia sem.

Em São Caetano não há rodízio, mas a Sabesp já reduziu o volume de entrega de água em 20% desde a última quinta-feira (06/02). A decisão foi tomada em reunião realizada quarta-feira (05/02) entre representantes do DAE (Departamento de Água e Esgoto) e a Sabesp, na sede da autarquia.

Para auxiliar e motivar ainda mais na economia, representantes do DAE se reuniram nesta segunda-feira (10/02) com o prefeito Paulo Pinheiro para elaboração do projeto de lei que definirá o desconto a ser dado nas contas de água para os moradores que economizarem. Ainda não havia porcentagem definida até o fechamento desta edição.




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