
Governo sírio diz que saída de Assad não está na agenda do processo de paz
Segundo o vice-ministro Faisal Makdad, a oposição deveria deixar "de perder tempo com esse tema"
Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
A saída do presidente da Síria, Bashar al Assad, "não está na agenda" do processo de paz retomado em Genebra nesta segunda-feira (10/02), afirmou o vice-ministro sírio de Relações Exteriores, Faisal Makdad.
O funcionário sírio assegurou que sua delegação está disposta a abordar todos os pontos do "Comunicado de Genebra", documento base das negociações, "começando a pôr fim à violência para poder avançar em direção a outros pontos, incluindo a criação de um órgão de governo transitório".
O vice-ministro pediu à oposição que "deixe de perder tempo com este tema" pois a saída de Assad não está incluída de maneira específica no Comunicado de Genebra.
"Estamos prontos para essa discussão (sobre a transição política) e muitos se surpreenderão com as ideias que apresentaremos", disse Makdad na saída da reunião da delegação governamental com o mediador Lakhdar Brahimi, que fez parte do primeiro dia da segunda rodada de negociações sobre a crise síria.
Questionado sobre o ataque ao comboio humanitário que se dirigia à Homs, do qual várias fontes acusam o governo local, o vice-ministro defendeu que é "uma grande mentira" e acusou os grupos armados opositores dentro da cidade de "impedir os cristãos de saírem dela".
O vice-ministro disse que o governo de Assad fez "um bom trabalho nos dois últimos dias" ao conseguir finalmente que o comboio de ajuda entrasse na cidade sitiada durante mais de um ano e meio, para que mais de 600 civis pudessem ser evacuados.
"No primeiro dia (sábado) puderam sair 83 pessoas, embora o acordo era que saísse mais gente. Não foi possível cumprir porque os grupos armados não consentiram. Ontem (domingo), graças aos esforços do governo sírio, mais de 600 pessoas tiveram a oportunidade de abandonar a cidade", argumentou Makdad.
Em relação aos bombardeios sobre a cidade de Aleppo por parte das tropas sírias, o vice-ministro esclareceu que a "responsabilidade primordial de qualquer governo é defender sua gente" e que eles "nunca centram seus ataques sobre alvos civis".
O vice-ministro, que lidera a delegação governamental nas negociações de paz, lamentou o "massacre terrorista" produzido ontem na população alauita de "Ma`an", em que morreram mais de 40 pessoas por ataques do grupo radical Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL, sigla em inglês).