Propinoduto tucano: subornos podem chegar a R$ 197 milhões; Petistas cobram investigação rigorosa

Como são deputados federais, e possuem foro privilegiado, o caso deles foi encaminhado ao STF. Os três só podem ser investigados com autorização da Suprema Corte. O STF espera agora um parecer da Procuradoria-Geral da República para prosseguir com o caso

Por Héber Carvalho, PT na Câmara
Sábado, 8 de fevereiro de 2014


Os deputados petistas Renato Simões (SP) e Carlos Zarattini (SP) cobraram do Ministério Público paulista rigor na investigação da mais recente revelação do esquema de fraudes em licitações no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em depoimento dado à Polícia Federal, o ex-diretor da multinacional Siemens, Everton Rheinheimer, revelou que o valor pago pelo cartel de empresas envolvidas no esquema a integrantes do governo tucano de SP pode chegar a R$ 197 milhões.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, que teve acesso à íntegra do depoimento que o Executivo deu à Polícia Federal, Everton aponta três secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB) como destinatários da propina. São eles, o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, o secretário de Energia, José Aníbal, e o secretário do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia.

Para Renato Simões, ex-deputado estadual por São Paulo, os indícios de formação de cartel com conivência de altos servidores do governo tucano do estado existe desde a década de 1990. “Infelizmente a blindagem dos órgãos de fiscalização, da justiça, e da mídia do estado sobre o assunto impediram que as investigações avançassem”, revelou. Ainda de acordo com o parlamentar, o caso só ressurgiu após investigações realizadas no exterior contra as multinacionais envolvidas no esquema.

“Essa é uma acusação grave e é estranha a lentidão do Ministério Público de São Paulo na investigação desse esquema. Mas ainda esperamos uma apuração rigorosa, e punição de todos os envolvidos”, ressaltou o deputado Carlos Zarattini.

Percentuais- Além de acusar os secretários, o ex-diretor da Siemens também detalhou os percentuais da propina pagos pelo cartel. De acordo com Everton, a Siemens e seus parceiros pagaram 9% para fornecer trens à linha 5 do metrô em 2000, um contrato de R$ 1,57 bilhão em valores atualizados, o que totalizaria R$ 141 milhões em propina.

Segundo a Folha, o ex-diretor também disse que contou à Garcia que o suborno seria de 5% sobre o valor de um contrato de manutenção de trens da CPTM, de 8% no caso de um programa de manutenção de trens e de 7% nos contratos para a extensão da linha 2 do metrô.

Em depoimento, o ex-diretor da Siemens conta que informou esses percentuais ao então deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM), presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado e concluiu que ele "por lógica, também recebia valores oriundos da propina paga". O atual secretário do Desenvolvimento Econômico de São Paulo nega ter mantido a conversa com Everton Rheinheimer.

Delação premiada- Rheinheimer depôs em 2013 após acordo com o Ministério Público Federal, em que se comprometeu a colaborar com as investigações e revelar o que sabe sobre a prática de corrupção por fornecedores do Metrô e da CPTM em troca de sair do processo sem punição.

Como são deputados federais, e possuem foro privilegiado, o caso deles foi encaminhado ao STF. Os três só podem ser investigados com autorização da Suprema Corte. O STF espera agora um parecer da Procuradoria-Geral da República para prosseguir com o caso.




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