45 mil assinaturas contra o uso de balas borracha em SP

Além de Ednalva, outras cinco pessoas foram atingidas pelos disparos: Severina Gomes do Amaral (atingida no supercílio esquerdo); Gilson Sofia de França, Manoel Otaviano da Silva, Miriam Hermógenes dos Santos e Osvaldo da Silva Bezerra

Por PT Alesp
Terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


O uso de bala de borracha pela polícia de São Paulo já atingiu alguns paulistas nos últimos tempos e mais recentemente feriu gravemente o fotógrafo Sérgio Silva, 33 anos, que perdeu o olho esquerdo após ser atingido por um dos 506 projéteis disparados pela Polícia Militar em 13 de junho de 2013.

No mês passado, a polícia militar reprimiu com balas de borracha em dois shoppings nas zonas sul e leste de São Paulo, encontros de jovens da periferia marcados pela internet, conhecidos como “rolezinhos”.

Na maior concentração de manifestantes em junho do ano passado a repórter da TV Folha, Giuliana Vallone, teve sua visão salva pela lente acrílica dos óculos. Mesma sorte não teve o cinegrafista Vitor Araújo, de 17 anos, que perdeu as funções do olho direito após ser atingido por um estilhaço de bomba de efeito moral no centro da cidade, durante os protestos de 7 de setembro.

Ocorre que, logo após as repercussões com o ferimento dos profissionais da imprensa o governador Geraldo Alckmin, declarou à imprensa que estava banido o uso de bala de borracha pela polícia de São Paulo.

Passado meses desta declaração, a polícia de São Paulo continua usando bala de borracha e fazendo vítimas.

Há cerca de 10 dias o fotógrafo entregou ao secretário estadual de segurança pública Fernando Grella Vieira, abaixo assinado pedindo a proibição do uso de armas menos letais durante manifestações, tais como balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

O documento, com mais de 45 mil adesões, foi entregue pessoalmente por Sérgio que quase sete meses depois do tiro, finalmente recebeu uma prótese ocular que simula um olho verdadeiro. Segundo Sérgio a intenção era fazer-lhe chegar o abaixo-assinado e mostrar-lhe cara a cara os efeitos nefastos das balas de borracha sobre a integridade física dos cidadãos.

Em agosto do ano passado representantes de movimentos populares, sindicais, estudantes, que queriam cobrar dos deputados da base governista apoio às investigações do propinoduto tucano foram impedidos de entraram na Assembleia Legislativa foram recebidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar, mesmo diante dos protestos dos deputados estaduais da Bancada do PT.

Naquela ocasião a professora Ednalva Silva Franco, 40 anos, que participou da manifestação, em prol da instalação da CPI do Cartel da Corrupção Tucano, foi alvejada por três tiros de balas de borracha a queima roupa, disparados pela Tropa de Choque, que provocaram ferimentos no braço esquerdo, coxa direita e na perna direita, de onde foram retiradas duas balas que ficaram alojadas próximas ao joelho.

Além de Ednalva, outras cinco pessoas foram atingidas pelos disparos: Severina Gomes do Amaral (atingida no supercílio esquerdo); Gilson Sofia de França, Manoel Otaviano da Silva, Miriam Hermógenes dos Santos e Osvaldo da Silva Bezerra.



Garoto de 15 anos perde o olho vítima de bala de borracha

Em abril de 2013, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, ouviu Vinícius Queiroz da Silva, de 15 anos, que perdeu o olho direito depois de receber um tiro de bala de borracha que teria sido disparado por um PM em São Miguel Paulista, zona leste da capital.

O garoto contou que conversava com amigos e que, próximo ao local, um carro tocava música em alto volume. De acordo com Vinícius, viaturas chegaram com PMs já atirando. As pessoas que se encontravam no local correram. Quando o garoto se virou para ver o que acontecia, uma bala de borracha o atingiu.

Ele tirou o projétil que estava grudado ao seu olho e o entregou a um amigo. Muito ferido, teve socorro negado por uma viatura da polícia. Esperou por cerca de 15 minutos até que a viatura de onde teria vindo o disparo o socorresse.

De acordo com o próprio delegado que investiga o caso, e que também compareceu à reunião da Comissão, Adilson Jorge Donofrio, os policiais da viatura lavraram dois boletins de ocorrência sobre o caso. No primeiro, nem mencionam os tiros e, nos dois, afirmam que Vinícius teria sido vítima de uma pedra que as pessoas que estavam no local teriam atirado contra a polícia.




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