Policiais assumem não ter treinamento adequado para lidar com protestos
Manifestantes fugindo de bombas de gás lacrimogêneo e vandalismo eram cenas finais de um enredo que se tornou conhecido no fim de muitos protestos, desde de junho do ano passado
Terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Sete meses depois de a população tomar as ruas, uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela como as próprias forças de segurança se sentem despreparadas para agir diante dos grandes atos — que prometem se repetir durante a Copa do Mundo.
Ao todo, 64% dos policiais militares e civis entrevistados admitiram não ter recebido orientação e treinamento adequado para lidar com as manifestações e os black blocs.
A pesquisa fez um raio X do que pensam os policiais sobre os protestos, os black blocs e sua própria forma de agir diante deles.
Foram feitas 5.304 entrevistas, sendo 4.499 com policiais militares e 805 com policiais civis de todas as regiões do país. O levantamento foi realizado pela internet, a partir de um cadastro que reúne nomes desses profissionais de todo o Brasil, entre 26 de novembro de 2013 e 14 de janeiro deste ano.
O despreparo revelado pelos praças e oficiais na condição do anonimato do levantamento explica outro percentual: o dos 69% que disseram que os agentes agiram como foi possível, devido às circunstâncias.
“Os policiais se sentiram tendo que improvisar diante de uma situação inesperada”, afirmou Marco Aurélio Ruediger, responsável pela pesquisa.
Apenas 10% apontaram como correto o comportamento dos policiais nas manifestações, enquanto outros 19% responderam que “alguns colegas não agiram da forma certa, mas não se pode generalizar”.
Na hora de atribuir a alguém a responsabilidade sobre a maneira como operam nas manifestações, os policiais não colocam na própria conta nem na do comando ou na das secretarias de segurança. A maioria (60%) indicou que a atuação da tropa é determinada pelos governos estaduais.