Ex-diretor da CPTM no governo tucano não se lembra de quem recebeu US$ 550 mil

João Roberto Zaniboni, suspeito de intermediar pagamento de propina a políticos e agentes públicos, diz que dinheiro veio de consultorias

Por Spresso SP
Segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


Veio a público nesta quinta-feira (30) depoimento prestado pelo ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) entre 1999 e 2003 (nas gestões, respectivamente, dos governadores tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin) João Roberto Zaniboni à Corregedoria-Geral da Administração (CGA) em 25 de outubro do ano passado. O ex-diretor, que cuidava da área de operações e manutenção da companhia, disse não se lembrar das empresas a quem prestou consultoria no período de 2000 a 2002 e das quais recebeu US$ 550 mil, depositados em conta que mantinha em banco na Suíça.

Zaniboni foi condenado no país europeu por lavagem de dinheiro, recebeu multa e teve seus bens confiscados pela Justiça de Genebra. A sanção ao engenheiro foi comunicada em novembro do ano passado ao Brasil e o documento ficou de posse do Ministério Público em São Paulo. O Ministério Público Federal suíço acredita que os depósitos na conta do ex-diretor da CPTM (US$ 826 mil, no total) foram fruto de pagamento de propina que ele teria recebido por contratos de melhorias de 129 vagões da companhia que cuida do transporte ferroviário em São Paulo.

No Brasil, Zaniboni é alvo de investigações do Ministério Público em São Paulo e da Polícia Federal, acusado de receber e intermediar pagamento de propinas a políticos e agentes públicos do Estado de São Paulo. Ele foi indiciado pela PF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e crime financeiro no inquérito que investiga o cartel metroferroviário que teria operado entre 1998 e 2008, nos governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.

Desses US$ 826 mil, US$ 250 mil foram repassados no ano de 2000 pelos consultores Sérgio Teixeira e Arthur Teixeira. Arthur é suspeito pela PF de pagar propinas. Zaniboni alega que o pagamento foi feito por serviços de consultoria prestados aos irmãos Teixeira antes de ele assumir a diretoria da CPTM, em 1999. Mas não há nenhum documento que comprove o que diz. O ex-diretor alega que o contrato foi verbal. Promotores de Justiça de São Paulo atribuem a Teixeira o papel de lobista, elo da multinacional francesa Alstom e de outras companhias com o setor metroferroviário de governos tucanos em São Paulo.

Sobre a diferença de cerca de US$ 550 mil, Zaniboni disse também serem referentes a trabalhos de consultoria feitos por ele, mas alegou não se lembrar para quais empresas foram prestados e que os acordos também foram verbais. No depoimento, contudo, o engenheiro demonstrou memória mais ativa ao se recordar de projetos da CPTM na década de 1990.

A CGA está no organograma da Casa Civil do governo do Estado e, em ata referente ao período em que Zaniboni prestou depoimento, foram realizadas oito oitivas de atuais e ex-agentes públicos para o procedimento correcional de “apuração de suposto cartel na área metroferroviária”.




Diretório Estadual de São Paulo do Partido dos Trabalhadores
Rua Abolição, 297, Bela Vista - 01319-010 - São Paulo - SP
Telefone (11) 2103-1313

Licença Creative Commons Esta obra foi licenciado sob CC-Attribution 3.0 Brazil.
Exceto especificado em contrário e conteúdos replicados.