Eu, o Estadão, o G1 e os black blocs

Primeiro, que a campanha foi lançada na rede social no dia 26 de janeiro às 17:49 hs. O post (vide abaixo) recebeu 242 comentários, 378 “likes” e 178 compartilhamentos. Lá, fazendo as contas, pode-se perceber que se toda aquela gente doasse recursos ao dono do fusca (doações de 30, 50 e até 100 reais) já daria para resolver o problema dele

Por Eduardo Guimarães, em seu blog
Sexta-feira, 31 de janeiro de 2014


De quarta (29/01) para quinta-feira (30/01), ocorreu um fato surpreendente envolvendo este que escreve, uma repórter do jornal O Estado de São Paulo, outra do Estadão e pessoas que falam em nome do grupo que usou tática black bloc para “coroar” o protesto contra a Copa de 2014 que ocorreu em São Paulo no último sábado (25/01).

O fato surpreende pelo ineditismo: repórteres dos veículos supracitados telefonaram para me ouvir sobre a campanha de arrecadação de doações que este Blog promoveu para que o dono do fusca incendiado naquele protesto pudesse comprar outro veículo, pois utilizava o que perdeu para trabalhar.

O que é inédito? Repórteres da Globo (G1) e do Estadão procurarem um blogueiro que, através da ONG que fundou em 2007 (o Movimento dos Sem Mídia) juntamente com seus leitores, representou várias vezes ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal contra esses dois veículos – e vários outros – devido a campanhas midiáticas deles que entendeu que violaram o interesse público.

Este blogueiro, além de ter representado contra esses veículos – e de ter ao menos uma dessas representações aceita pelo Ministério Público Federal (Caso da Febre Amarela, em 2008) – também promoveu vários atos públicos diante da Folha de São Paulo, como no caso da Ditabranda, em 7 de março de 2009, por o jornal ter afirmado, em editorial, que a ditadura militar, no Brasil, teria sido “branda”.

Detalhe: aquele ato, convocado através deste blog, juntou cerca de 300 pessoas diante da Folha, segundo matéria que o próprio jornal escreveu no dia seguinte (08/03/2009).

Outro detalhe: a representação contra alarmismo da mídia em relação à febre amarela foi aceita pelo Ministério Público Federal, que abriu investigação inclusive contra as Organizações Globo e o Estadão, que tiveram que constituir advogados para se defender de processo que acabou arquivado devido ao fim da lei de imprensa, base da acusação da ONG.

Enfim, a maioria dos leitores deste Blog já conhece a sua longa história de questionamentos da grande mídia (com destaque para Globo, Estadão e Folha) inclusive por vias legais, conforme comprovado acima.

O que me surpreendeu, portanto, foi ter recebido ligações das duas repórteres do Estadão e do G1, pois não sou lá muito bem quisto nesses veículos. Por conta disso, fiz questão de conceder entrevista às jovens repórteres que me procuraram para falar do caso do fusca incendiado por black blocs no último sábado (25/01). Queria ver no que ia dar…

E vi.

As repórteres Bárbara Ferreira dos Santos (Estadão) e Lais Cattassini (G1) foram amáveis e ouviram atentamente meu relato sobre o caso do fusca. Fizeram pouquíssimas perguntas, ao passo que falei muito ao telefone. Outra surpresa, portanto, foi as matérias que fizeram terem saído bem menos ruins do que imaginava.

Mas, claro, as matérias sugerem que suas autoras pecaram por falta de apuração, talvez por certa preguiça, mas, muito provavelmente, por ordens superiores ou para tentar agradar a esses superiores deixando margem a dúvidas que não poderiam existir.

Por que? Pois muitas das afirmações que eu e os black blocs fizemos sobre as campanhas poderiam não ter ficado somente no declaratório; as informações poderiam ter sido checadas.

Explico: os black blocs afirmaram à jornalista Lais Catassini (G1) que eu teria feito a campanha de solidariedade por conta de minha candidatura a algum cargo eletivo neste ano. Ora, ela poderia ter verificado se me filiei a algum partido, pois se eu não tiver filiação partidária – e não tenho – não posso me candidatar a nada.

Expliquei isso a Lais, mas o fato ficou de fora da matéria. Ela preferiu destacar afirmação dos black blocs de que eu teria me “apropriado” de doações que não partiram da campanha #VaiTerFusca, pois não teriam sido feitas na conta de Itamar dos Santos, dono do fusca incendiado, a partir da campanha em tela e, sim, por outros meios – que não disseram quais foram nem ofereceram qualquer prova, como faço aqui.

Bárbara (do Estadão) foi na mesma linha.

Apesar disso, informei às duas mocinhas que poderiam verificar algumas coisas no Facebook e neste blog mesmo.

Primeiro, que a campanha foi lançada na rede social no dia 26 de janeiro às 17:49 hs. O post (vide abaixo) recebeu 242 comentários, 378 “likes” e 178 compartilhamentos. Lá, fazendo as contas, pode-se perceber que se toda aquela gente doasse recursos ao dono do fusca (doações de 30, 50 e até 100 reais) já daria para resolver o problema dele.




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