Ex-diretor da Alstom admite pagamento de propina em SP

Segundo reportagem, a matriz da multinacional francesa autorizou pagamento de 15% sobre contrato assinado durante o governo Covas

Por Carta Capital
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014


Pela primeira vez desde o início das investigações, um ex-diretor da Alstom admitiu à Justiça que a multinacional francesa pagou propina a autoridades paulistas para obter contratos em São Paulo. O conteúdo do depoimento sigiloso do engenheiro francês André Botto, ex-diretor comercial da empresa, foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

Segundo o depoimento, a matriz da empresa autorizou o pagamento de 15% de propina sobre um contrato de 45,7 milhões de dólares para fechar um negócio com uma estatal paulista em 1998, quando o estado era governado pelo tucano Mario Covas.

Na época, a Alstom assinou com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia e a Eletropaulo um aditivo para a venda de equipamentos para três subestações de energia.

Desde 2008, quando as investigações foram iniciadas, a filial brasileira da Alstom tenta provar que a empresa nunca pagou suborno às autoridades. O discurso é contradito pelo diretor comercial: “O negócio era muito importante para a Alstom. Era importante ganhá-lo por meio de acordo e evitar uma licitação. Tivemos de pagar comissões elevadas”. O depoimento ao juiz Renaud Van Ruymbeke foi dado em 2008.

Um dia antes, o jornal revelou um documento interno da Alstom no qual há menção a pagamento de suborno à Secretaria de Energia e às diretorias administrativa, financeira e técnica da EPTE. À época, o secretário era Andrea Matarazzo, hoje vereador em São Paulo pelo PSDB. Ele nega envolvimento na negociação do aditivo.

Sempre de acordo com o depoimento, metade do suborno foi repassada para a empresa MCA, comandada pelo lobista Romeu Pinto Jr.. Ele já admitiu às autoridades brasileiras que recebeu o dinheiro da Alstom para pagar propinas, mas não revelou os destinatários do suborno, segundo o jornal.

Para pagar a outra metade, disse o diretor, a Alstom teve de usar contas secretas na Suíça.




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