Frei Betto critica a situação do sistema prisional brasileiro
Segundo ele, os governos não estão interessados na ressocialização de presos comuns, deram as costas ao sistema prisional.
Terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Em sua coluna na Rádio Brasil Atual, o escritor Frei Betto destaca a necessidade de reforma no sistema carcerário. Ele afirma que a "tragédia" na Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, "por descaso da governadora Roseana Sarney", chocou o Brasil e o mundo.
O comentarista lembra que em novembro o próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou que no Brasil "é preferível morrer do que ficar preso". Segundo ele, muitos dos 515 mil detentos do país não têm culpa formada e a maioria vive amontoada "promiscuamente", sem que o sistema de segurança impeça a prática de delitos. "Como é que a gente pode explicar a existência de celulares nas prisões? Em nenhum aeroporto se consegue passar no controle eletrônico portando um telefone celular.
Frei Betto lembra os tempos em que esteve preso durante a ditadura: "Fiquei preso de 1969 a 1973 e fiquei entre os presos comuns durante os dois últimos anos, 1972 e 1973. Constatei como não é difícil recuperar presos comuns, basta saber ocupá-los, não com faxina, ajudante de cozinha ou capinando, como é frequente", relata. "Éramos seis presos políticos misturados a 400 presos comuns, promovemos grupos bíblicos, grupo de teatro, oficinas de arte e curso supletivo. Mais de 100 detentos foram beneficiados por aquelas nossas iniciativas e vários se ressocializaram."
Ele defende que os presídios possam ser transformados, em parceria com a iniciativa privada, em escolas profissionalizantes. "O nó da questão é que os nossos governos, federal, estaduais e municipais, já deram as costas à questão prisional. Resultado: temos crimes nas ruas e dentro das cadeias."