Acordo nuclear com Irã expõe divisão na base do governo Obama
Uma parcela dos senadores democratas ainda defende novas sanções contra o país, apesar das negociações em andamento
Segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Em um novo avanço do pacto acordado em novembro, o Irã e as seis principais potências mundiais (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) anunciaram neste domingo (13/01) que as medidas previstas nas negociações começarão a entrar em vigor a partir da próxima segunda-feira (20/01).
Até o dia 20 de julho, o Irã deverá cumprir obrigações como a suspensão dos planos de lançar novas centrífugas e a limitação do enriquecimento de urânio a um teto de 5%, nível necessário ao uso medicinal e à produção de energia.
O governo de Hassan Rohani ainda aceitou ampliar as inspeções da ONU em suas instalações e neutralizar o estoque de urânio a 20%, que poderia ser usado na construção de uma bomba atômica.
O acordo anunciado ontem, no entanto, deixou clara a resistência interna enfrentada por Barack Obama para legitimar as negociações nos Estados Unidos. Ao comentar o pacto, o presidente norte-americano prometeu diminuir as sanções contra o Irã, mas alertou que o país persa deve “cumprir seus compromissos”. Ele ainda criticou o Senado, que pretende impor novas medidas contra o país de Rohani.
"Impor mais sanções agora só faria com que nos arriscássemos a descarrilar nossos esforços para resolver este assunto de forma pacífica, e vetarei qualquer legislação que aprovar novas sanções durante a negociação", ressaltou.
Apesar da disposição de Obama de impedir novas sanções, os senadores que promovem a legislação podem evitar o veto presidencial se conseguirem aprovar o projeto de lei com 67 votos a favor, um objetivo para o qual precisam de mais 8 votos, e conseguirem uma maioria similar na Câmara dos Representantes.
No sábado, a Casa Branca já havia endurecido o recado aos democratas que apoiam as novas sanções. "Se certos membros do Congresso querem que os Estados Unidos tomem ações militares, devem dizê-lo ao povo norte-americano. Mas não está claro porque um membro do Congresso apoiaria uma lei que talvez feche a porta da diplomacia e torne mais provável que os Estados Unidos tenham que escolher entre opções militares ou permitir que o Irã continue com seu programa nuclear", afirmou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional Bernadette Meehan.
Desde a posse de Rohani, em agosto, o diálogo bilateral com os Estados Unidos começou a ser retomado de forma mais intensa. Em setembro, pela primeira vez em 30 anos, os presidentes dos dois países conversaram pelo telefone.