Estado deixa pacientes com câncer sem medicamento
De acordo com o hematologista e médico da unidade de transplante de medula óssea do Hospital de Base, João Victor Piccolo Feliciano, o remédio Mecilato de Imatinibe funciona como uma quimioterapia via oral
Sábado, 11 de janeiro de 2014
Pelo menos 14 pessoas com câncer estão sem a medicação de alto custo utilizada para controlar a doença em São José do Rio Preto - chega a custar R$ 7 mil cada caixa com 30 comprimidos. Os pacientes buscam o Mesilato de Imatinibe 400 mg, na Santa Casa de Rio Preto.
O remédio deveria ser encaminhado pela Secretaria de Saúde do Estado, que joga a culpa no governo federal. O Ministério da garante que atendeu a demanda exatamente de acordo com a solicitação do Estado.
Enquanto isso, quem teme pela regressão no quadro clínico é a pensionista Marta Maria Corrêa de Almeida, 48 anos, que tem leucemia mieloide crônica. “Faz quase duas semanas que estou sem a medicação. Eu preciso do remédio para continuar tratando a doença, que está na fase de remissão, quando o câncer está incubado e controlado.”
A pensionista descobriu que em abril do ano passado estava com a doença. “Eu estava com sintomas que se assemelham à dengue. Fui fazer os exames e descobri que estava com a leucemia. Desde então, travei minha luta para conseguir a medicação”, relembra a pensionista. Desde junho do ano passado, Marta começou a receber mensalmente uma caixa da medicação, com 30 comprimidos. Essa é a primeira vez que o remédio atrasa, segundo a paciente.
Assim como a Santa Casa, que somente tem a responsabilidade de entregar o remédio aos pacientes, a farmácia do Hospital de Base também desempenha o mesmo papel. O estoque do remédio e o número de pacientes atendidos não foram fornecidos pelo HB. Em nota, a unidade alegou que a unidade que detém as informações solicitadas encerra suas atividades diariamente às 16 horas e reportagem solicitou a demanda às 16h16, quando ficou sabendo da participação do HB.
Consequências
De acordo com o hematologista e médico da unidade de transplante de medula óssea do Hospital de Base, João Victor Piccolo Feliciano, o remédio Mecilato de Imatinibe funciona como uma quimioterapia via oral. “Utilizado para controlar a doença, ele é bem aceito pelos organismos das pessoas, que estão passando pelo tratamento devido a doença crônica. Além de ser menos agressivo que uma quimioterapia tradicional que conhecemos”, explica o médico.
Ele afirma que sem a medicação, o primeiro sinal apresentado pelo organismo é a alteração no exame de sangue. Depois terá um aumento na produção de glóbulos brancos, uma redução na produção de sangue e nas plaquetas. “A princípio, o paciente apresentará cansaço, fraqueza, ficando vulnerável e podendo contrair infecções devido a baixa imunidade. O caso clínico pode chegar a se transformar em um quadro agudo”, destaca Feliciano. O médico orienta que o paciente não deve ficar sem a medicação. “Caso o remédio demore para chegar, o aconselhado é que ela procure o médico que está fazendo o tratamento e opte por uma outra medicação.”