Chile: Matthei diz que não culpa Piñera por vitória de Bachelet

A ex-ministra do Trabalho de Sebastián Piñera repetiu o que disse na noite de domingo (15), ao reconhecer a derrota, quando assumiu total responsabilidade pelo resultado, e pediu aos colegas que se preservasse a atual administração de uma possível caça às bruxas

Por Victor Farinelli, de Santiago para a Opera Mundi
Sexta-feira, 20 de dezembro de 2013


Após quatro dias de silêncio (desde a derrota eleitoral no segundo turno, contra Michelle Bachelet), a ex-candidata Evelyn Matthei emitiu, na tarde desta quinta-feira (19), o que foi seu último comunicado oficial, antes de um temporário período de retiro da política. Ela, que era a candidata governista na eleição do último domingo (15) isentou o presidente Sebastián Piñera de culpa.

Matthei levou a direita chilena a um recorde negativo de votos, registrando 25% no primeiro turno e 37% no segundo. A ex-ministra do Trabalho de Sebastián Piñera repetiu o que disse na noite de domingo (15), ao reconhecer a derrota, quando assumiu total responsabilidade pelo resultado, e pediu aos colegas que se preservasse a atual administração de uma possível caça às bruxas.

“Não faço isso somente para posar de valente ou para cair no clichê barato. Preocupa-me a unidade dentro do nosso setor político e que a reflexão que precisamos fazer seja baseada em análises sérias e não em sentimentos pequenos”, explicou.

Matthei também pediu aos partidos da direita chilena que iniciassem um trabalho de renovação, pensando em aumentar o eleitorado cativo do setor para eleições futuras. “Creio que é hora de dar maiores espaços para jovens lideranças que estão surgindo, e que entendem melhor o que um novo tipo de eleitor está esperando de nós. Precisamos de novas formas de defender nossas ideias”, considerou a economista.

Renúncias

Enquanto isso, no partido Renovação Nacional (RN), onde milita o presidente Piñera, a semana pós-eleitoral vem sendo marcada por renúncias de algumas figuras importantes, e a ameaça de outras de tomar o mesmo caminho. O próprio mandatário poderia fazer parte da lista, após deixar o governo – segundo avalia a imprensa local.

Após a já esperada deserção do senador Antonio Horvath – que chegou a apoiar Bachelet no segundo turno –, vieram as dos deputados Carmen Ibáñez, Joaquín Godoy e Hernan Larraín Matte, sendo que os últimos dois anunciaram que pretendem se filiar ao recém-criado partido Evópoli (Evolução Política). A agremiação vem reunindo figuras do chamado “neocon sub 40”, formado por novas referências do pensamento conservador chileno, todos com menos de 40 anos.

Liderado por Felipe Kast, economista e ex-ministro de Desenvolvimento Social do atual governo, Evópoli se prepara para ser a força que lidera a renovação na direita chilena. O próprio Kast, único candidato do partido nas eleições legislativas de novembro, foi eleito deputado pelo distrito de Santiago Centro – com a segunda maior votação (25%, contra 45% do ex-dirigente estudantil Giorgio Jackson).

Porém, a renúncia mais aguardada do momento é a do próprio Sebastián Piñera, que vem preparando o lançamento de uma fundação, a qual, segundo figuras ligadas ao governo, poderia abrir espaço para novos personagens na direita chilena.

Evelyn Matthei, que é cogitada para fazer parte da executiva da fundação, falou sobre isso nesta quinta. “O trabalho que pretendemos fazer, uma vez fora do governo, é seguir defendendo as políticas que tiveram sucesso e que merecem ser continuadas e aprofundadas”.




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