Exposição no Planalto faz relação entre a CLT e a democratização das fotografias
Curador e artista comentam exposição fotográfica em cartaz no Palácio do Planalto
Quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Com a criação da CLT, em maio de 1943, os trabalhadores tiveram de buscar fotógrafos profissionais para fazerem seus retratos para a carteira de trabalho, muitos pela primeira vez na vida. Por acidente, as leis trabalhistas levaram o gosto pela foto aos operários e suas famílias. Essa é a mensagem das peças expostas na Mostra “Assis Horta – A Democratização do Retrato Fotográfico através da CLT”, inaugurada na segunda-feira (2), no Palácio do Planalto.
O grande artista homenageado é Assis Horta, de 95 anos. Mineiro de Diamantina (MG), ele aprendeu a arte da fotografia aos 9 anos, e aos 16 já tinha o próprio estúdio, na cidade onde nasceu. Até hoje, ele guarda dezenas de milhares de negativos e chapas com os retratos. Cada um organizado por número e nome do fotografado. A maioria mulheres, por influência das indústrias têxteis da cidade.
Ele ressalta que a partir das fotos obrigatórias para as carteiras de trabalho, as pessoas tomavam gosto e voltavam para tirar mais. “Eles tiravam a foto para o documento e gostavam, aí voltavam para tirar foto com a família, de corpo inteiro, como faziam os mais ricos na época”, lembrou Assis durante a abertura da exposição.
O curador da mostra é Guilherme Horta, fotógrafo e designer de Belo Horizonte (MG,) que pelo trabalho ganhou o XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 2012, promovido pela Funarte/MinC. Ele descobriu o trabalho de Assis num museu em Diamantina, e a partir daí pesquisou para fazer a relação entre a CLT e a democratização da foto.
“Quando cheguei ao estúdio dele, vi estas fotos de pessoas. Eram milhares de placas, e quase todas com datas próximas e foi aí que ele me explicou a razão”, contou Guilherme. A mostra é aberta ao público e fica no Palácio do Planalto até o dia 8 de janeiro.