
O outro lado da mesma moeda
Rose Neubauer versus Secretário de Educação do PSDB
Quinta-feira, 28 de novembro de 2013
A professora Rose Neubauer, ex- secretária de Educação do governo Mario Covas, (de triste memória para o professorado paulista) questiona o governo de seu partido (PSDB) pelo que entende ser um retrocesso pedagógico.
Trata-se do anúncio do governador Alckmin sobre a alteração do número dos ciclos para avaliação do aprendizado, adotando a reprovação a cada série, principalmente nas finais do ensino fundamental . Em artigo publicado pela Folha de S.Paulo, Neubauer polemiza sobre o tema, afirmando que a reprovação, principalmente de crianças pequenas, cria” baixa estima” e “marginaliza parcela expressiva da população”. No Brasil, os índices de reprovação sempre foram muito altos e, afirma a professora, capazes de impedir a escolarização dos alunos muito mais do que contribuir para que aprendam.
Além disso, segundo a professora, “ as crianças mais pobres e negras são as mais reprovadas e a repetência aumenta as chances do aluno tornar-se multirrepetente e abandonar a escola”. Aparentemente, a preocupação é com a parcela mais desfavorecida da população.
Entretanto, o que não aparece na fala de Rose Neubauer é justamente a contradição dessa fala com a realidade vivenciada na rede estadual quando da implantação dos ciclos, exatamente à época de sua gestão. Os professores e professoras têm muito vívida na memória a forma autoritária como essa ação chegou às salas de aula, como foi o despreparo total dos docentes com a “novidade”, como não havia as condições necessárias para a completa realização da ação. E como esses problemas criaram as condições para que política dos ciclos, que objetivava uma superação das dificuldades que nossos alunos da classe despossuída apresentavam, fosse vitoriosa.
Assim, não foi somente a ação desmanteladora do secretário que a sucedeu, Gabriel Chalita, o responsável pelo fracasso da proposta, como acusa a ex-secretária. Está, verdadeiramente, na origem oculta das intenções do governo, para o qual aluno repetente é aluno que custa e, portanto, todo e qualquer movimento tem como alvo a redução dos gastos, como é apregoado pelos defensores do Estado mínimo.
É com esse discurso camuflado de defesa dos pobres que o PSDB vem destruindo o ensino no Estado de São Paulo e praticando não a progressão continuada, defendida pelos educadores progressistas, mas a já malfadada promoção automática geradora dos analfabetos funcionais, que passaram pela escola e nada aprenderam.
E não adianta afirmar que a “mais importante medida para melhorar a qualidade do ensino é a formação de professores” ou criticar o governo federal, que tem sido incansável nas avaliações sobre a qualidade das escolas. Porque nada se compara ao estrago realizado pelos governos PSDB principalmente em São Paulo, excluindo gerações do próprio conhecimento.
*Bia Pardi é Assessora de Educação da Liderança da Bancada do PT na Assembleia Legislativa de SP