Cardozo: cúpula tucana quer tumultuar investigação e intimidar a Polícia Federal
Lideranças nacionais do PSDB não querem que PF apure denúncias de pagamento de propina a caciques do partido em São Paulo
Quinta-feira, 28 de novembro de 2013
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (28) que a cúpula do PSDB tenta tumultuar as investigações que envolvem vários caciques do partido com o esquema de corrupção no metrô de São Paulo e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Nesta semana, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o líder do partido do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e o líder na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP) - os dois últimos ligados a José Serra - atacaram Cardozo pelo fato de ele ter mandado a Polícia Federal investigar a denúncia, feita por um ex-executivo da Siemens, de que lideranças tucanas paulistas receberam propina para favorecer contratos com o governo do Estado.
Entre os acusados está o próprio Aloysio Nunes e três secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB): Edson Aparecido (Casa Civil), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico, este do DEM).
Nos ataques a Cardozo, os tucanos chegaram a pedir sua demissão. Ontem, ingressaram com representação contra ele na Comissão de Ética Pública do governo.
Hoje, Cardozo afirmou que a manobra dos acusados não irá intimidar o Ministério nem a PF. “Acho que há uma tentativa muito clara de evitar uma apuração imparcial e séria. Há pessoas que, por alguma razão que desconheço, estão tentando criar um tumulto, uma situação na qual quem cumpre a lei é acusado, para tirar o foco de uma investigação correta. Se alguém pensa que vai intimidar o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Cade, está enganado”, argumentou.
O ministro lembrou que a entrega dos documentos à PF era um dever legal. “A PF é subordinada ao ministério e, evidentemente, eu devo cumprir a lei, que diz que as denúncias que o ministro recebe devem ser mandadas para a Polícia Federal”.
Ele disse que os fatos denunciados já estão sob investigação desde 2008 e que já hpouve punição em outros países sobre o mesmo tema. "O Brasil ainda caminha lentamente nessa investigação", explicou.