Ex-presidente participa do seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina”, em Santiago do Chile

Para Lula é essencial aproximar a integração do cotidiano das pessoas e não deixar que ela seja apenas uma coisa burocrática

Por Instituto Lula
Quarta-feira, 27 de novembro de 2013



Começou na manhã desta quarta-feira (27) o seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina”, em Santiago do Chile. O encontro é realizado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e pelo Instituto Lula.

“Nosso desafio é construir um pensamento estratégico latino-americano e, a partir dele, um projeto integrador mais ousado, que aproveite essa potencialidade histórica”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso. Ele falou junto com o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, na mesa intitulada “América Latina, um compromisso com o futuro”.

Lula ressaltou que muito foi feito nos últimos anos no caminho da integração. Ele lembrou a difícil reunião de Cuzco, em 2004, quando as divergências regionais eram gigantescas, mas foi possível construir o importante marco da criação da Unasul. O ex-presidente afirmou que ainda há muito a ser feito e que o ímpeto pela integração não pode ser perdido. “Não se faz integração se não houver convencimento político dos governantes e da máquina burocrática”.

Para Lula é essencial aproximar a integração do cotidiano das pessoas e não deixar que ela seja apenas uma coisa burocrática. Neste sentido, ele destaca a importância de os parlamentos nacionais se engajarem “no processo, criando comissões e instâncias mais eficazes para o trâmite dos acordos diplomáticos”. O ex-presidente avalia que este passo é essencial para evitar que grandes reuniões internacionais não resultem apenas em uma foto oficial.

O custo da não integração

“Quanto custa atravessar um oceano para vender um produto que teria mercado no país vizinho, se houvesse uma boa estrada até este centro consumidor? Quanto custa fazer comércio com divisas internacionais, se podemos usar mecanismos de compensação entre países, como estamos aprendendo a fazer? Quanto custa consumir a música, o cinema a produção cultural de países distantes, quando sequer conhecemos a beleza e a diversidade do que fazem nossos vizinhos?”, questionou Lula.

O ex-presidente reafirmou que as dificuldades muitas vezes aparecem, mas que é preciso pensar nas consequências que as ações de integração têm para a região. “Sempre que alguém apontar as dificuldades e os custos de financiamento de cada projeto comum, devemos nos indagar qual é o custo de não promover a integração”.

Do Atlântico ao Pacífico

O ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, destacou que uma importante mudança está em curso no mundo: a mudança de eixo do Atlântico para o Pacífico. Ele ressaltou que essa é uma transformações importantes e que não se pode pensar separadamente as políticas de integração relativas aos dois oceanos.

Lagos ressaltou que há uma tentativa de criar políticas separadas para os países do Pacífico e do Atlântico, mas que isso não faz sentido. “Que eu saiba o México está no Pacífico e no Atlântico (…) O Brasil deve participar das negociações do Pacífico. A Europa participa das do Atlântico e que eu saiba Itália está no Mediterrâneo”. O ex-presidente ressalta que essa visão geográfica impacta diretamente o processo de integração: “Querem nos impor uma visão geográfica do século XIX”.

Ricardo Lagos foi enfático ao afirmar que ao países latino-americanos têm interesses comuns na ordem mundial que está se desenhando e que, por isso, precisam estar unidos para construir a melhor alternativa.

Antes dos dois ex-presidentes, falaram os dirigentes das instituições promotoras do encontro: Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal; Luis Alberto Moreno, presidente do BID; Enrique García Rodríguez, presidente da CAF; e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. Okamotto ressaltou a importância da integração para incluir pessoas e construir um ambiente de paz. Ele afirmou que para concretizar a integração é necessário motivar não apenas intelectuais e políticos, mas empresários, trabalhadores, estudantes, movimentos sociais.




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