
Frente contra a tuberculose discute direito a transporte e alimentação para doentes
Na proposta, está também garantida para o doente e seu acompanhante, quando necessário, a isenção de tarifa durante o deslocamento para a unidade de saúde e seu regresso à residência
Quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Reunida no plenário Juscelino Kubitschek, nesta quinta-feira (21/11), a Frente Parlamentar contra a Tuberculose, presidida pelo deputado Adriano Diogo, promoveu debate com especialistas sobre ações para o controle da doença e a elaboração de dois projetos de lei que garantam assistência alimentar e isenção tarifária para os deslocamentos dos doentes no Estado.
Para Adriano Diogo, é necessário um olhar atento e envolvimento das diversas esferas de governo com a doença. O deputado lembrou a situação dos imigrantes latinoamericanos que vivem em condições precárias no Estado de São Paulo. Segundo ele, é fundamental chamar a atenção para a doença que não está vencida.
Exclusão social
Vera Maria Neder Galesi, coordenadora do Programa de Tuberculose do Estado de São Paulo, ressaltou que a doença tem um forte vínculo com a desigualdade social e em razão disso, embora as ações médicas consigam reduzir a mortalidade e aumentar os índices de cura, não se consegue diminuir o aparecimento de casos novos que estão vinculados à condição de vida do indivíduo.
Outro aspecto apresentado pela coordenadora refere-se à ilusão de a doença, por ser antiga, estar controlada. A mídia praticamente não fala da doença, mas a cada ano são 19 mil novos casos relatados no Estado. Para a especialista, enquanto não melhorar a qualidade de moradia e de vida da população, a doença encontrará um meio fértil de propagação.
Outra preocupação dos especialistas é em relação ao aumento de imigrantes que vivem em condições precárias, como os bolivianos que trabalham nas oficinas clandestinas de costura.
O consumo de crack também foi relatado como fator que favorece a expansão da doença, pois os consumidores, geralmente, vivem em condições precárias, em locais insalubres, e têm baixa adesão ao tratamento, que em casos favoráveis leva seis meses e em casos com maior resistência do bacilo nos quais a cura pode acontecer só após 24 meses.
A especialista ressalta que o tratamento deve ser feito com acompanhamento constante do agente de saúde e precisa ser continuado por tempo determinado, mesmo após a melhora dos sintomas.
Dinâmica do encontro e projetos de lei
Para subsidiar a discussão foram montados painéis com estudiosos. Cíntia Dantas, do Ministério da Saúde, apresentou as novas diretrizes internacionais para o controle da tuberculose. A relação entre alimentação e a doença foi tema de intervenção da médica África Isabel de La Cruz Perez. Os custos e duração do tratamento foram abordados por Vera Maria Neder Galesi.
A apresentação do esboço de dois projetos de lei foi feita Nadja Faraone. Pela proposta, fica assegurada a concessão de cesta básica, suplementação e complementação nutricional, alimentação adequada à condição de morador em situação de rua e privados de liberdade.
Para os especialistas, além de garantir direitos como o de diagnóstico na rede de serviços de saúde próxima da residência do doente; exame de baciloscopia para diagnóstico da tuberculose pulmonar com resultado em 24 horas; explicações e orientações sobre a doença e tratamento; consulta médica mensal e tratamento diário diretamente observado, no serviço de saúde, no domicílio ou em local combinado, durante o tratamento; é necessário garantir o suporte nutricional.
Na proposta, está também garantida para o doente e seu acompanhante, quando necessário, a isenção de tarifa durante o deslocamento para a unidade de saúde e seu regresso à residência.
A expectativa dos participantes do encontro é que a Frente possa discutir com os parlamentares, aprimorar o esboço do projeto e colocar a prevenção e o tratamento da tuberculose como uma das prioridades das ações do poder executivo.