CUT São Paulo lança cartilha para trabalhadores imigrantes

Proposta é `desiludir` o migrante sobre as condições de vida no Brasil e informar sobre seus direitos sociais e trabalhistas

Por Rede Brasil Atual
Quarta-feira, 6 de novembro de 2013


A CUT de São Paulo lança hoje (6), às 18h, na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, no centro da capital, cartilha de orientação para imigrantes. A iniciativa foi motivada pelo alto número de trabalhadores de outros países submetidos à informalidade e a condições precárias no Brasil.

“Ao debater o trabalho informal você se depara com a questão dos imigrantes, que, na grande maioria, estão em condições precárias, subumanas de trabalho. Essa mão de obra migrante certamente trabalha por um prato de comida, vive com medo e escondida", afirmou o presidente da central em São Paulo, Adi dos Santos Lima, durante seminário realizado nesta manhã, no sindicato.

A ideia é “desiludir” o trabalhador recém-chegado que, muitas vezes, tem informações novelescas sobre viver no Brasil, como foi o caso da paraguaia Cristiana Romero, de 25 anos, há dois em São Paulo. "No Paraguai, tem muitas novelas brasileiras que não mostram o Brasil de verdade", disse. A jovem foi submetida a trabalho excessivo e a muito assédio até ter acesso a informação e fazer valer seus direitos.

A cartilha, com distribuição gratuita, contém informações que foram úteis a Cristiana, como os direitos sociais e trabalhistas dos estrangeiros no Brasil. Aponta o caminho para que busquem proteção na Justiça e no Ministério do Trabalho, além de elencar movimentos sociais e associações que tratam da defesa do imigrantes.

Com a iniciativa, a central se opõe ao discurso contrário à entrada de trabalhadores estrangeiros. “Muitas vezes tem aquele discurso de: `Somos contra o imigrante porque ele enfraquece a força de trabalho`, mas é justamente o contrário. Esse guetos de superexploração destroem a base econômica do trabalhador”, disse o secretário de Relações do Trabalho da CUT-SP, Rogério Giannini.

“O Brasil vive uma contradição: é visto como um país acolhedor, mas, ao mesmo tempo se instalou aqui, por razões sociais e econômicas, essa possibilidade de concentrar exploração. Então é um país que, se não tem xenofobia expressa em sua população, tem o racismo, o machismo que entorna um caldo cultural que se expressa na exploração dos estrangeiros”, analisou Giannini. “É um duplo trabalho de mostrar as mazelas da sociedade brasileira, descortinar e fazer um debate político-social. Desiludir um pouquinho e também trazer essa rede de apoio”, definiu o sindicalista.

Estruturas produtivas

Para o fiscal da Superintendência do Trabalho e Emprego em São Paulo Renato Bignami, no entanto, a causa dos problemas relacionados às comunidades migrantes que chegam ao Brasil, especialmente em São Paulo, está relacionada a estruturas produtivas que exploram mão de obra vulnerável e não a questões raciais ou de origem nacional. “O trabalho que é precário e pega a vítima ideal: o migrante irregular que não tem documentação e está em um país onde não conhece as regras e seus próprios direitos.”

Apesar do aumento do combate à submissão dessa mão de obra a condições análogas à escravidão, no entanto, ele ainda aponta a necessidade de outras políticas para proteger os imigrantes. “Hoje a gente tem um afluxo muito grande de imigrantes. E o estado parece que não estava acostumado a isso. É importante pensar em políticas de inserção. Temos que pensar em políticas de trabalho, de moradia, de combate aos sistemas produtivos que se apropriam dessa mão de obra vulnerável”, afirmou Bignami.




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