O desafio da gravidez na adolescência

De acordo com relatório da UNFPA, 7,3 milhões de meninas tornam-se mães a cada ano, 95% nos países em desenvolvimento

Por Brazil África
Quarta-feira, 6 de novembro de 2013


Todos os dias, 20 mil meninas com menos de 18 anos dão à luz e 200 morrem em decorrência de complicações do parto ou da gravidez nos países em desenvolvimento. Elas representam 95% das 7,3 milhões de adolescentes que se tornam mães a cada ano, em todo o mundo. Do total, dois milhões têm menos de 15 anos – número que pode chegar a três milhões até 2030, se nada for feito.

As informações fazem parte do relatório “Situação da População Mundial 2013”, divulgado na quarta-feira (30) pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), e que causou preocupação à Organização das Nações Unidas (ONU).

Enquanto nos países industrializados são registrados apenas 680 mil nascimentos de filhos de adolescentes por ano – mais da metade nos Estados Unidos – uma em cada cinco meninas com menos de 18 anos vira mãe nos países em desenvolvimento. No Níger, localizado na África Ocidental, esse índice chega a uma em cada duas meninas (51%).

O documento aponta ainda que, em países como Bangladesh, Guiné, Mali, Moçambique, Níger e Chade, uma jovem em cada dez é mãe antes dos 15 anos. Nas nações em desenvolvimento, 19% das mulheres entre 20 e 24 anos tiveram seu primeiro filho antes dos 18 anos.

Casamentos arranjados

Apesar dos dados alarmantes, a frequência das gestações nos países em desenvolvimento diminuiu, sobretudo entre as meninas com menos de 15 anos. Parte da queda é atribuída à diminuição dos casamentos arranjados. Ainda assim, 39 mil garotas com menos de 18 anos se casam todos os dias.

No entanto, a tendência de aumento se mantém na África Subsaariana. “Espera-se que o número de meninas com menos de 15 anos que serão mães passe dos dois milhões atuais a 3,3 milhões em 2030″, declara o relatório. Nessa faixa etária, duplicam o risco de morte e de fístulas vaginais (lesões internas que levam à incontinência).

A cada ano, 70 mil adolescentes morrem por complicações na gravidez e no parto e 3,2 milhões têm abortos perigosos. “Geralmente, a sociedade joga a culpa nas adolescentes pela gravidez, mas, na maioria dos casos, essa gravidez não é o resultado de uma escolha deliberada e sim a ausência de escolha e circunstâncias alheias a sua vontade”, afirmou o supervisor do documento, dr. Babatunde Osotimehin.

“Devemos refletir sobre as mudanças que devem ser introduzidas nas políticas e nas normas aplicadas pelas famílias, as comunidades e os poderes públicos”, recomendou o médico.

Baixa escolaridade

A falta de acesso à escola é um dos principais fatores de vulnerabilidade. A educação reduz a probabilidade de casamento precoce e retarda a gravidez. Para tentar melhorar esta situação, o relatório pede “um impulso à escolarização das meninas, o fim aos casamentos arranjados, a modificação das atitudes relativas aos papéis atribuídos aos homens e às mulheres, um acesso maior das adolescentes aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, e uma ajuda maior às mães adolescentes.




Diretório Estadual de São Paulo do Partido dos Trabalhadores
Rua Abolição, 297, Bela Vista - 01319-010 - São Paulo - SP
Telefone (11) 2103-1313

Licença Creative Commons Esta obra foi licenciado sob CC-Attribution 3.0 Brazil.
Exceto especificado em contrário e conteúdos replicados.