Identificação e punição dos autores desse desrespeito e violência. É o que esperamos para os responsáveis pelo ataque ao monumento em memória das vítimas da ditadura militar no ossário do Cemitério do Araçá, neste fim de semana, em São Paulo. É o mínimo diante do que fizeram na manhã deste domingo, um dia após o ato interreligioso em homenagem aos mortos e desaparecidos no período militar.

Os vândalos abriram sacos plásticos e espalharam ossos no chão. Felizmente, não foram violadas as 1.049 ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, que podem ser de mortos e desaparecidos políticos e de vítimas do Esquadrão da Morte montado em são Paulo nos anos 70, guardadas no Cemitério do Araçá.

Mas, o ataque atingiu dois dos cinco monolitos onde seriam projetadas imagens da exposição Penetrável Genet – Experiência Araçá, na manhã deste domingo. Composta por cinco monolitos que formam um labirinto, a obra foi projetada pelos artistas Celso Sim e Anna Ferrari e faz parte da 10.ª Bienal de Arquitetura de São Paulo. A exposição foi transferida para amanhã, com abertura ao meio dia.

Como declarou Maurice Politi, ex-preso político e integrante do Núcleo de Preservação da Memória Política, o que vimos neste fim de semana foi um “sacrilégio, uma ofensa aos mortos e um ato contra a cultura”. Lembrem-se que outros ataques a monumentos em memória das vítimas da ditadura já aconteceram como os vários atentados ao marco da Alameda Casa Branca, no local em que o líder Carlos Marighela foi assassinado.

Vamos aguardar o inquérito aberto pela Polícia Civil, que será acompanhado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.