Conselheira faz relato da Missão PAA África

O objetivo da missão era acompanhar as atividades do projeto PAA África no Níger e reforçar o diálogo político com os atores relevantes no contexto do projeto no país

Por Ascom/Consea
Sexta-feira, 1 de novembro de 2013


A convite do Projeto PAA África, a conselheira Elisângela Araújo no início do mês viajou com uma delegação brasileira para o Niger, representando o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). O objetivo da missão era acompanhar as atividades do projeto PAA África no Níger e reforçar o diálogo político com os atores relevantes no contexto do projeto no país. Veja, abaixo, o relato da viagem feito pela conselheira:


A minha impressão desta visita é que o PAA é um programa que tem a ver com a realidade local, e é a primeira oportunidade para esses agricultores. Mas é preciso enfrentar muitos desafios, pois a região (Maradi, Níger)tem potencial produtivo, mas é impossível só com esses recursos que têm no programa.

Se não houver algum apoio técnico para ajudar na melhoria da produção, é impossível o acompanhamento com um mínimo de infraestrutura para fazer um beneficiamento primário da produção. Mas acho que realmente é uma porta de entrada pra outras oportunidades, e contribuir para esse processo de melhoria de renda fica até difícil de explicar que falta tanto e com muito pouco já percebemos que é possível a melhoria na vida dessas pessoas.

As lideranças locais e os beneficiários têm potencial, mas falta acompanhamento e é preciso fortalecer o ator local. Chamou-me a atenção que esse piloto do PAA era apenas para 611 agricultores, mas eles beneficiaram muito mais - isso demonstrou a solidariedade entre eles.

No segundo dia na região de Maradi visitamos duas escolas, que serão beneficiadas pela compra local do PAA . Essa situação mexeu muito com o emocional, ver tantas crianças em uma escola - mais de 300 alunos em cada uma delas - algumas são abandonadas e moram na escola, eles têm direito a duas alimentações por dia, pela manhã é servido um mingau de milheto com mais alguns ingredientes, servido em bacias e baldes pequenos onde três ou quatro crianças compartilham entre elas. Na minha concepção acredito que a mudança para a vida dessas pessoas depende muito da educação que elas recebem, e a iniciativa desse projeto irá contribuir para o melhoramento e desenvolvimento .

Retornamos para a capital (Naimey), onde foi realizada reunião com diretores da iniciativa Nigerino alimenta Nigerino, programa do governo que está sendo desenvolvido e tem vários eixos: apoio à produção, assistência técnica , comercialização. Essa reunião foi para socializar informações sobre as visitas a campo e também discutir a segunda etapa de como se dará a continuidade e como o PAA pode fortalecer o programa nigerino.

Está prevista para dezembro a criação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar, baseado na experiência do conselho brasileiro. Aconteceram reuniões com secretário executivo do Ministério da Agricultura, sendo discutidos os resultados da primeira etapa e como se dará a continuidade. Houve também reunião com diretor da OPVN, órgão do governo responsável pela comercialização e pelas compras públicas - ele tem acompanhado muito o programa Fome Zero , tido como boa referência.

Em resumo, foi muito importante a missão. Com ela, conseguimos ter noção de como essa iniciativa pode contribuir muito com desenvolvimento local. O programa tem um recurso muito insignificante , não é possível desenvolver essa iniciativa sem apoio técnico e sem beneficiamento primário da produção , valorização das organizações locais das federações já envolvidas para que elas compreendam seu papel.

O Consea tem papel fundamental nessa cooperação; estabelecer diálogo com o governo, em especial com o MDS, sobre a continuidade do programa - a meu ver, essa iniciativa pode contribuir com o combate à fome e à pobreza naquele país. O Consea também pode ajudar a sociedade civil no monitoramento e acompanhamento do programa. Afirmo que o programa PAA é uma boa oportunidade para agricultura familiar, melhoramento da produção, renda, enfim, é despertar a busca de mais oportunidade para esses agricultores e agricultoras.

*Elisângela Araújo é conselheira do Consea




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