Mostra de Cinema de São Paulo: três filmes latinos para assistir enquanto há tempo

"El Crítico", "O verão dos peixes voadores" e "Saudade" podem não estrear comercialmente no Brasil

Por Opera Mundi
Sábado, 26 de outubro de 2013


Festivais deixaram de ser espaços criados só para que críticos e profissionais de cinema tomem contato com filmes de autor, atuando como mediadores entre eles e o público “comum”. Hoje em dia, são circuitos de exibição importantes para qualquer pessoa que procure um respiro das salas comerciais, com seus super-heróis, para fisgar um filme bacana antes que ele caia no esquecimento ou então escape de vista.

Até por isso, cada festival tem a sua personalidade, e a da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo normalmente se enquadra num perfil curioso, exigente e mais semelhante às raridades valorizadas pelos cinéfilos. Quem coincide com isso, deve aproveitar.

Para os que curtem cinema latino-americano, que nesta 37ª edição está representado no evento com 24 títulos de 10 países da região, três filmes desses raros e interessantes têm ainda sessões programadas até o fim da Mostra (dia 31 de outubro).

O primeiro é o argentino “El crítico”, de Hernán Guerschuny, uma comédia romântica metalinguística, que usa o cinema como desculpa para analisar os meandros de uma relação de casal. A história - um crítico de cinema que odeia comédias românticas e que acaba se vendo preso justamente dentro de um filme do gênero, com direito a todos os seus clichês - surgiu da experiência de Hernán há 19 anos como diretor da revista argentina Haciendo Cine.

“El crítico”, que estreou no BAFICI, festival de cinema independente de Buenos Aires e um dos mais reconhecidos da América Latina, é a estreia do diretor em longas-metragens e, segundo ele, “surgiu de uma experiência pessoal, de um certo desdobramento que ocorre quando somos mais racionais do que emocionais”.

Depois, vale a pena assistir ao chileno “O verão dos peixes voadores”, de Marcela Said, outro debut em longa-metragem, neste caso de uma diretora que lançou antes dois elogiados documentários: “I love Pinochet” e “El mocito”. Ganhou vários prêmios internacionais e estreou na Quinzena de Realizadores durante o último Festival de Cannes, dando fôlego à boa fase recente do cinema chileno.

O filme conta a história de Marena, uma adolescente que passa o verão com sua família no sul do Chile e parece ser a única a perceber a crescente tensão que se respira no ambiente. O problema em questão tem a ver com o conflito dos indígenas mapuches, invisível, segundo Said, para a maioria dos chilenos.

Finalmente, está “Saudade”, de Juan Carlos Donoso Gomez, considerado uma das revelações do emergente cinema equatoriano. Também bastante premiado, filme faz o retrato de uma geração de jovens que cresceram em meio à crise econômica do país no fim dos anos 90 a partir de um personagem de 17 anos que não pode imaginar seu futuro. É interessante notar como o diretor constrói nele uma relação orgânica e reveladora entre aspectos públicos e privados de uma grande crise: de um lado, a recessão da economia e, de outro, a adolescência.

Vale lembrar que nenhum desses títulos tem ainda previsão de estreia comercial no Brasil. É possível que nunca sejam lançados aqui. Portanto, antes que eles viajem pra bem longe do nosso circuito de festivais, confira as sessões deles programadas na Mostra aqui e aproveite.




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