CUT defende proteção social aos trabalhadores da reciclagem na 4ª Conferência do Meio Ambiente
Encontro vai até 27 de outubro e terá como tema a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Sexta-feira, 25 de outubro de 2013
CUT defende proteção social aos trabalhadores da reciclagem na 4ª Conferência do Meio Ambiente
Encontro vai até 27 de outubro e terá como tema a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O Ministério do Meio Ambiente promove, até o dia 27 em Brasília, a 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Com o tema “Vamos cuidar do Brasil”, o encontro deve reunir mais de 1,3 mil delegados escolhidos nas etapas estaduais e municipais para discutir a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010 pelo governo do então presidente Lula, por meio da Lei 12.305.
Os debates partirão de quatro eixos principais: produção e consumo sustentáveis; redução dos impactos ambientais; geração de trabalho emprego e renda; e educação ambiental.
Além das confederações, federações e sindicatos, a CUT será representada pelo secretário nacional de Meio Ambiente, Jasseir Fernandes, que discursou na abertura do evento, na noite desta quarta-feira, em nome da classe trabalhadora.
“Uma das nossas lutas nessa conferência é garantir que os catadores sejam vistos não só como alguém que extrai seu sustento do que é descartado pela sociedade, mas também alguém que ajuda municípios, estados e o País a resolver um problema ambiental. A partir disso, é preciso que tenhamos políticas públicas que garantam dignidade a quem transforma o lixo em geração de renda, mas também reciclando e reaproveitando o que seria jogado fora”, afirmou.
A Central tem destacado que a definição de “emprego verde” não deve apenas servir para tratar de atividades com baixa emissão de poluentes, mas deve levar em consideração também outros fatores como o trabalho decente.
CUT presente – A quarta CNMA foi precedida por encontros estaduais, municipais e regionais, além de conferências livres, organizadas pela sociedade civil.
A partir dos debates, serão definidas 60 propostas – 15 por eixo – que nortearão a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Em junho deste ano, a CUT promoveu o 2º Encontro Nacional de Secretários e Secretárias do Meio Ambiente para discutir a participação dos dirigentes no evento.
Na ocasião, o coordenador da 4ª Conferência, Geraldo Abreu, lembrou a responsabilidade da Central, ao resgatar a história da CUT na luta pela terra e pelo desenvolvimento sustentável.
“O debate sobre o ambientalismo não nasceu hoje no movimento sindical. Quando fundamos a CUT, em 1983, atraímos um segmento de extrativistas que fazia um diálogo sobre a importância de produzir preservando e defendendo a natureza, entre eles o Chico Mendes. Estivemos ao lado de outros movimentos no 1º Encontro dos Povos da Floresta – em 1989 –, os sindicatos urbanos militaram contra a emissão de poluentes. Ninguém entende mais dessa discussão do que nós, mas precisamos enxergar e fazer com que a sociedade enxergue esse tema como parte essencial do desenvolvimento humano”, disse na ocasião
Da mesma forma que Jasseir Fernandes, Abreu também valorizou a necessidade de qualificar os catadores. “Precisamos estimular e cobrar que invistam em plantas – galpões – para a separação de materiais - e na preparação dos catadores, porque muitos dos produtos no setor de eletrônicos, por exemplo, são extremamente tóxicos”, explicou.
Agricultura familiar – Trabalhador de origem rural, o secretário de Meio Ambiente da CUT cita ainda que não é possível discutir produção e consumo sustentáveis sem valorizar a agricultura familiar.
“É a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos que os brasileiros consomem, que produz de maneira mais saudável e sustentável. E isso depende de políticas públicas que contribuam com a assistência técnica para a produção e distribuição dos alimentos”, disse Jasseir Fernandes.
Ele destaca como um dos exemplos de política pública um projeto que a Prefeitura de São Paulo colocou em prática neste mês para transformar o lixo orgânico das feiras em adubo.
“São iniciativas como essa que garantem segurança alimentar, porque teremos um alimento produzido sem agrotóxico e de melhor qualidade. Temos de utilizar essa conferência para que ideias semelhantes sejam adotadas em outros municípios”, completou o dirigente.
Riqueza desperdiçada – Segundo dados de 2012 do Ministério do Meio Ambiente, as cidades brasileiras juntas produzem diariamente 150 mil toneladas de lixo e reaproveitam somente 13% desse montante.
Ainda segundo o levantamento, o País perde cerca de R$ 10 bilhões anualmente por deixar de reciclar resíduos.
De acordo com a lei, até 2015, o Brasil deve implementar uma política de logística reversa, em que materiais como pneus, garrafas plásticas e eletroeletrônicos retornem para a indústria para que sejam reutilizados. “Não basta cumprir a lei, precisamos definir como será colocada em prática, garantindo dignidade também ao trabalhador que é parte fundamental desse processo”, falou Fernandes.
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