Ex-presidente da Siemens recomenda lobistas e fala dos amigos Serra e Alckmin

O escândalo da Alstom, empresa investigada pelo pagamento de propinas em projetos ligados aos trens e ao metrô de São Paulo, continua se aproximando perigosamente da cúpula do PSDB de São Paulo

Por PT Alesp
Quinta-feira, 24 de outubro de 2013


José Luiz Alquéres, que foi presidente da multinacional francesa no Brasil, é citado em documentos enviados por procuradores da Suíça ao Brasil; num deles, recomenda que a empresa use os serviços do lobista Arthur Gomes Teixeira, apontado como pagador de propinas pelo MP; numa mensagem interna, transmite aos chefes na França a informação que a Alstom cresceria no Brasil. "Temos um longo histórico de cooperação com as autoridades do Estado de São Paulo, onde fica localizada nossa planta", escreveu. "O novo prefeito recém-eleito participa das negociações que vão nos permitir a reabertura da Mafersa como Alstom Lapa. O atual governador também participa", disse ele, referindo-se a José Serra e Geraldo Alckmin; com Alquéres e os contratos em São Paulo, Alstom cresceu como um foguete

O escândalo da Alstom, empresa investigada pelo pagamento de propinas em projetos ligados aos trens e ao metrô de São Paulo, continua se aproximando perigosamente da cúpula do PSDB de São Paulo. Nesta quinta-feira (24/10), reportagem do jornal O Estado de S. paulo coloca o caso na antesala do Palácio dos Bandeirantes.

Desta vez, o personagem central é José Luiz Alquéres, que foi presidente da filial da Alstom no Brasil e também ex-presidente da Eletrobrás, no governo FHC. Documentos enviados por promotores da Suíça ao Brasil indicam que ele pode ser peça chave no pagamento de propinas a dirigentes tucanos. Em 18 de novembro de 2004, ele "recomenda enfaticamente" a diretores da empresa na França que contratem o consultor Arthur Gomes Teixeira, personagem apontado pelo Ministério Público como lobista e pagador de propinas entre 1998 e 2003 a personagens ligados ao PSDB.

No período em que comandou a Alstom, Alquéres sempre fez questão de destacar seu bom relacionamento com a cúpula tucana. "Temos um longo histórico de cooperação com as autoridades do Estado de São Paulo, onde fica localizada nossa planta", escreveu. "O novo prefeito recém-eleito participa das negociações que vão nos permitir a reabertura da Mafersa como Alstom Lapa. O atual governador também participa." O prefeito recém-eleito era José Serra e o governador, Geraldo Alckmin.

De acordo com a reportagem do Estado de S. Paulo, em 2004, a Alstom Lapa "claudicava". "Com uma carteira minguada de contratos públicos e reduzidos investimentos, aquele setor da empresa, na zona oeste da capital, esteve na iminência de cerrar as portas", diz o texto.

A reversão veio com contratos assinados com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e com o Metrô. "Tais projetos representam um total de cerca de 250 milhões de euros", dizia Alquéres na sua comunicação com a França. "Nesse período de mudanças sofremos duas grandes derrotas em leilões públicos, coisa que não ocorria há anos. Mas ainda podemos ter sucesso nos 4 projetos que o Estado de São Paulo vai negociar ou leiloar nas próximas semanas."

Ele então cita os "amigos" que tinha nos governos tucanos. "O processo está avançando, começo a receber mensagens de parceiros em potencial, e, principalmente, dos amigos políticos do governo que apoiei pessoalmente. A Alstom deve estar presente, como no passado."

Esses emails fazem parte do processo que envolve João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM, acusado de receber propinas de US$ 836 mil. As mensagens indicam claramente que o apoio de Alquéres, no entanto, não se restringia aos escalões inferiores do governo paulista. Muitas delas foram enviadas para Philippe Mellier, presidente mundial da Alstom, e assim foram classificados pelos promotores suíçios: "E-mail Alquéres para Mellier de 18 de novembro de 2004, com possíveis indícios de atos de corrupção no contexto de projetos de transporte no Brasil".

Segundo o governador Alckmin, os contatos com Alquéres foram institucionais e visavam atrair empregos para o Estado de S. Paulo.




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