Inquéritos sobre Alstom e Siemens têm mesmos intermediários

Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira são citados nos dois inquéritos do Ministério Público. Para os promotores, eles eram os intermediários do suborno no esquema da corrupção tucana

Por G1
Quarta-feira, 23 de outubro de 2013


Promotores investigam as semelhanças em denúncias envolvendo a empresa francesa Alstom e a alemã Siemens, suspeitas de irregularidades em licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os mesmos intermediários aparecem nos dois inquéritos: Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira, que se apresentavam como consultores.

Uma das investigações envolve a empresa alemã Siemens e seria sobre a formação de um cartel para combinar preços de concorrências públicas e dividir as obras entre as empresas. A outra investiga a empresa francesa Alstom, que para ganhar contratos, teria pago propina a funcionários públicos.
Apesar de independentes, as duas investigações cobrem o mesmo período: de 1998 a 2008, quando o Estado de São Paulo foi governado por Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB.

À reportagem do jornal SPTV, da TV Globo, Arthur Teixeira confirmou que assessorou a Siemens, mas negou que fosse dono de contas no exterior. Já Teixeira morreu em 2011.

Troca de propina

A atividade de consultoria é legal, mas o Ministério Público diz que Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira usaram esse tipo de serviço apenas como fachada para articular esquemas que beneficiavam as empresas em troca de propina. Para os promotores, eles eram os intermediários do suborno.

Para o Ministério Público da Suíça, Arthur e Sergio repassaram US$ 216,5 mil de propina da Alstom para uma conta na Suíça, de João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM em 2002.

Os nomes de Arthur e Sérgio aparecem de novo no depoimento da secretária de Jorge Fagali Neto, consultor de transportes, que atuou como intermediário entre a Alstom e o governo. Fagali é suspeito de enriquecimento ilícito.

A secretária dele disse, no depoimento, que Arthur e Sergio Teixeira tinham negócios com Fagali.

Segundo o Ministério Público, o esquema de cartel que envolve a Siemens também recorria aos serviços de Arthur Teixeira.

Em 2001, Arthur organizou uma reunião da Siemens com outras cinco empresas, antes de uma licitação de trens da CPTM. Nessa reunião, a Siemens foi informada que ganharia parte do contrato, o que de fato, aconteceu.

Sérgio Teixeira morreu em 2011. Arthur foi convocado para depor no Ministério Público, mas nunca compareceu.

Por e-mail, à reportagem do SPTV, ele respondeu pela primeira vez, perguntas sobre as acusações: Arthur Teixeira confirmou que assessorou a Siemens, mas negou que fosse dono de contas no exterior. Essa informação é contestada pelo Ministério Público.

A Alstom afirmou que está colaborando com as autoridades. Informado sobre o teor da reportagem, no fim da tarde, o governo do estado ainda não respondeu.

O advogado de João Roberto Zaniboni disse que o ex-diretor da CPTM prestou serviços a Arthur e Sérgio Teixeira. e que recebeu por esses serviços em conta na Suíça. A conta foi encerrada em 2007 e o dinheiro remetido ao Brasil. O advogado afirma que Zaniboni não tem relação com supostas irregularidades.




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