Brasil declara apoio à Venezuela contra "guerra econômica": "Vamos vencer esta batalha"

Após encontro com o ministro Fernando Pimentel, Maduro disse que produtos brasileiros vão abastecer mercado interno

Por Opera Mundi
Terça-feira, 22 de outubro de 2013


O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, declarou nesta segunda-feira (21/10), apoio “decidido” do Brasil ao governo de Nicolás Maduro contra a “guerra econômica”. “Viemos aqui para dizer: estamos juntos e vamos vencer esta batalha também, como o comandante [Hugo] Chávez venceu tantas outras”, declarou, ao fim de uma reunião no Palácio de Miraflores, em Caracas.

Essa foi a primeira ocasião em que o governo brasileiro assumiu, de forma explícita, o discurso de Caracas sobre a existência de uma "guerra econômica" no país. A falta de produtos básicos nas prateleiras dos supermercados, principalmente de itens com preços regulados pelo governo, faz parte da realidade na Venezuela, um país que importa a maior parte do que consome.

Maduro acusa empresários e setores da oposição de promover uma “guerra econômica” para desestabilizar sua gestão, com baixas na produção, estocagem e baixa distribuição de produtos para os comércios. As câmaras empresariais, no entanto, atribuem o problema à dificuldade ao acesso de divisas para a importação e à lei trabalhista, que dizem ser permissiva com faltas excessivas dos trabalhadores.

Presidência da Venezuela

Pimentel afirmou que a Venezuela precisa reagir à “guerra econômica”. “Conte com o apoio decidido do Brasil, do governo da presidente Dilma [Rousseff] e do povo brasileiro. Você sabe bem como nós estamos irmanados neste esforço de construir a fraternidade, a solidariedade latino-americana”, disse. “Agora é um momento em que sabemos que toda a força política do povo da Venezuela está posta em jogo, tem que reagir a esta guerra econômica.”

O ministro estava acompanhado do assessor especial para assuntos internacionais da presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia.

Maduro, por sua vez, afirmou que a “conjuntura da guerra econômica à que a Venezuela foi submetida” e o abastecimento do país com produtos brasileiros foram assuntos abordados na reunião. “Fizemos os planos para que de maneira imediata os produtos que fazem falta na Venezuela para esta conjuntura saiam do Brasil”, disse. “Ativamos de imediato planos especiais para conseguir, eu diria, o superabastecimento de produtos chave que foram golpeados por essa guerra economia de especulação, estocagem, etc”, acrescentou.

Aliança financeira

O presidente venezuelano também disse que os países formulam uma “aliança financeira de nova forma e de grande escala” para o desenvolvimento agroindustrial e diversificação do sistema produtivo da Venezuela. “Colocamos a questão produtiva alimentar como um tema central”, disse, após o encontro de Pimentel com ministros venezuelanos das áreas de Alimentação, Agricultura, Indústria, Comércio, Energia Elétrica e Petróleo e com o chanceler, Elías Jaua.

Sem mencionar datas, Maduro afirmou que uma “comissão de especialistas em finanças” do Brasil realizará uma visita à Venezuela e que, posteriormente, o vice-presidente venezuelano para a Área Econômica e ministro do Petróleo, Rafael Ramírez, irá a Brasília.

Entre os exemplos citados por Maduro como setores nos quais a aliança bilateral aponta, estão projetos para a produção de soja e para sistemas de irrigação, além da produção de equipamentos para a exploração petrolífera e transporte de combustíveis. Segundo o presidente venezuelano, também se revisou a agenda do Mercosul até o fim do ano, período no qual a Venezuela exerce a presidência pro-tempore do bloco.

A urgência do desenvolvimento agroindustrial para garantir a produção de alimentos na Venezuela foi o foco das visitas de Maduro ao Brasil, Argentina e Uruguai em maio, quando convênios na matéria foram anunciados. Em visita a Caracas em junho, Pimentel disse que intensificaria a agenda bilateral com a Venezuela, visando maior integração produtiva e o abastecimento interno do parceiro comercial.




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