
Em resposta à França, EUA diz que "todos os países espionam"
Novos documentos revelam que Washington conduziu investigação sistemática contra autoridades e cidadãos na França e no México
Segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Os Estados Unidos responderam nesta segunda-feira (21/10) às queixas dos governos francês e mexicano sobre novas descobertas de espionagem pelo serviço de inteligência norte-americano, dizendo que já deixaram claro que realizam investigações sobre outros países. Para a Casa Branca, todos os governos conduzem essas operações.
Novos documentos secretos vazados pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden revelaram que os EUA espionaram sistematicamente franceses e mexicanos. A informação causou rebuliço e as autoridades desses países pediram por explicações. O chanceler francês, Laurent Fabius, chegou a caracterizar a investigação como “inaceitável e chocante”.
“Por uma questão de política, nós já deixamos claro que os EUA reúnem informações de inteligência sobre outros países”, disse a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Caitlin Hayden. “Assim como todas as nações”, acrescentou, citada por agências internacionais.
“Como o presidente disse em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nós começamos a rever o modo como reunimos dados de inteligência para podermos balancear, de forma correta, preocupações legítimas com a segurança de nossos cidadãos e aliado com preocupações de privacidade que todos têm”, afirmou.
França: 70 milhões de conversas interceptadas
De acordo com papéis divulgados nesta segunda pelo jornal Le Monde, mais de 70 milhões de conversas foram interceptadas em 30 dias na França pela NSA (sigla em inglês para Agência Nacional de Segurança). A agência norte-americana tinha como objetivo investigar pessoas suspeitas de ter vínculos com atividades terroristas. No entanto, além de políticos e funcionários do governo, pessoas relacionadas com o mundo empresarial foram alvos da espionagem dos EUA.
Segundo informações da Agência Efe, o dispositivo de espionagem consistia na gravação automática de conversas ou mensagens de determinados números de telefone que interessavam a Washington. As mensagens SMS também eram capturadas no momento em que a agência inseria palavras-chaves de busca. Além disso, a administração Obama guardou registro histórico das conexões de cada número definido como alvo.
O governo francês, por meio do Ministério das Relações Exteriores, convocou o embaixador norte-americano no país, Charles Rivkin, para prestar esclarecimentos sobre o episódio minutos depois da publicação da notícia. Fabius disse que "essas informações chocantes demandam uma explicação das autoridades norte-americanas nas próximas horas".
México: e-mail invadido e 85 mil SMS interceptados
Novos documentos secretos vazados por Snowden para a revista alemã Der Spiegel, divulgados neste domingo (20/10) também revelam que os EUA espionaram sistematicamente o governo mexicano e suas principais autoridades por anos, chegando até mesmo a invadir a rede telefônica do atual presidente Peña Nieto e o e-mail publico de seu predecessor, Felipe Calderón.
As informações coletadas na investigação da NSA favoreceram os norte-americanos em negociações diplomáticas e comerciais. Os novos arquivos aprofundam informações, já divulgadas previamente em outros papéis, sobre o sistema de espionagem dos EUA em seu vizinho e aliado mexicano.
O governo do México reiterou neste domingo (20/10) sua "categórica condenação à violação da privacidade das comunicações de instituições e cidadãos mexicanos". "Esta prática é inaceitável, ilegítima e contrária ao direito mexicano e ao direito internacional", afirmou o governo através de um comunicado da Secretaria de Relações Exteriores.
Washington já havia se comprometido com o presidente Peña Nieto a realizar uma extensa investigação sobre a espionagem.
*Com informações de agências internacionais