Trabalhadores rurais querem reforma agrária como política pública

A participação de trabalhadores rurais cresceu na 2ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CNDRSS), que ocorreu entre os dias 14 e 17, em Brasília. Tiveram direito a voz e voto 1,2 mil representantes da sociedade civil, entre agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, jovens e mulheres rurais, além de representantes do poder público

Por Portal CTB com informações do site da CNDRSS
Sábado, 19 de outubro de 2013


Centenas de reuniões envolveram mais de 42 mil pessoas nos estados e municípios que elaboraram 11,3 mil sugestões, filtradas pelas conferências estaduais foram encaminhadas 1.080 para a nacional que efetuou um filtro mais detalhado e encaminhou 388 sugestões para apreciação dos delegados da Conferência Nacional. “A principal questão levantada pelos trabalhadores rurais foi a reforma agrária, mas que ela seja capaz de garantir um desenvolvimento sustentável”, explica David Wylkerson Rodrigues de Souza, secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Para Wylkerson, não basta distribuir terra. "O trabalhador do campo quer a posse da terra acompanhada de políticas públicas que lhe garantam possibilidades de produção, sem se transformarem prisioneiros de empréstimos bancários”. Questões como “educação, saúde, habitação decente, devem fazer parte da política agrária”, defende. “Somente assim o Brasil poderá elevar ainda mais a produção da agricultura familiar, que já responde por cerca de 70% dos alimentos do país”.

A presidente Dilma Rousseff abriu os trabalhos e ressaltou a vontade do governo de ampliar as políticas voltadas para o campo e o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, enfatizou a intenção de promover assentamentos para fortalecer o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). “O fortalecimento agricultura familiar é que levará mais alimentos à mesa dos brasileiros e brasileiras”, acentua David Wylkerson. De acordo com o ministro, graças à agricultura familiar, entre 2004 e 2011 houve crescimento de 54% na renda per capita no campo.

Outra questão fundamental, segundo Wylkerson refere-se à permanência do jovem no meio rural. Ele explica que “não há como assegurar que a juventude não abandone o campo sem uma política de desenvolvimento voltada pra a assistência técnica e serviços públicos de qualidade em diversas áreas”. Para isso, “o governo precisa enviar técnicos para conhecer as especificidades de cada região e garantir projetos que levem ao jovem lazer, informação e cultura. Sem assegurar essas atividades, a juventude debanda par ao agronegócio”, garante.

“Antes do início do Painel Planejando o Brasil Rural Sustentável e Solidário, mulheres rurais entraram no plenário principal da Conferência batendo latas, cantando e entoando palavras de ordem. Na mística elas pediam ampliação das políticas públicas para as trabalhadoras rurais como garantia de 50% da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para mulheres e ampliação do acesso ao crédito”, diz texto no site da Conferência.

As mulheres lutam pela paridade no trabalho e na participação das discussões de todos os projetos sobre a vida no campo e sobre o acesso à terra. Juntamente à luta feminina, foram aprovadas 30 propostas no eixo sobre abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento rural e promoção da qualidade de vida. “As mulheres não aceitam mais permanecer como apêndice das políticas públicas, elas querem assegurados todos os seus direitos e tratamento igual”, reforça o dirigente da Contag.

Os rumos determinados pela Conferência Nacional podem elevar o patamar de participação do Brasil no combate à desigualdade no quadro apresentado pelo do Credit Suisse 2013 Wealth Report, pelo qual 0,7% da população detêm 41% da riqueza mundial.




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