
Projeto Cine Bijou traz ciclo sobre golpe no Chile e debate com diretora Carmen Luz Parot
Documentário da cineasta chilena sobre o uso do Estádio Nacional do Chile como campo de prisioneiros e centro de tortura, e outro sobre a vida e obra do cantor popular Víctor Jara, assassinado com 44 tiros dias após o golpe, são os destaques do projeto neste mês
Segunda-feira, 14 de outubro de 2013
O Projeto Cine Bijou – Cinema e Memória realiza, em outubro, duas sessões dedicadas a debater os 40 anos do golpe de Estado de 1973 no Chile. No dia 19, no Memorial da Resistência de São Paulo, será exibido o documentário Estadio Nacional. No domingo, 20, será a vez de El derecho de vivir en paz (O direito de viver em paz), no Teatro Studio Heleny Guariba. Ambos os filmes foram realizados pela jornalista e documentarista chilena Carmen Luz Parot, convidada especial do ciclo para debater com o público.
Estadio Nacional mostra como o principal campo de futebol do país – onde o Brasil conquistou a Copa do Mundo de futebol de 1962 – foi transformado em centro de detenção, tortura e assassinato de opositores nos meses seguintes ao golpe de Estado dado pelo general Augusto Pinochet, com o apoio do governo dos Estados Unidos. Um dos mortos no estádio foi o exilado político brasileiro Wânio José de Mattos, em consequência das torturas sofridas. Por meio de depoimentos de sobreviventes e utilizando imagens históricas de arquivo, o documentário retrata a maneira como a repressão política buscou minar a resistência do povo chileno à ditadura.
El Derecho de Vivir en Paz, que será exibido pela primeira vez no Brasil, mostra a trajetória do cantor popular Víctor Jara – um dos ícones da Nueva Canción Chilena –, brutalmente assassinado apenas quatro dias após o golpe de Estado de 1973, em Santiago do Chile. Ator, diretor teatral, compositor e cantor, Jara deu sequência ao trabalho de Violeta Parra de resgate da cultura popular e do folclore chileno, abraçando desde o primeiro momento o projeto socialista do governo da Unidad Popular presidido por Salvador Allende. Preso na Universidad Técnica del Estado, onde participava da resistência ao golpe, foi levado ao ginásio de esportes Estádio Chile e executado. Seu corpo foi encontrado em um terreno vizinho ao Cemitério Metropolitano de Santiago, cravejado com 44 tiros. A justiça chilena requereu a extradição de um dos mandantes da morte de Víctor Jara, o ex-oficial Pedro Barrientos Núñez, que vive nos Estados Unidos. O ginásio onde foi torturado e morto foi rebatizado como Estádio Victor Jara.
A diretora Carmen Luz Parot, que recebeu diversos prêmios internacionais por estes documentários, debaterá com o público após as sessões.
Serviço
19 de outubro
“Estadio Nacional”
Direção: Carmen Luz Parot
Produção: Chile, 2002
Horário: 14h00
Local: Memorial da Resistência de São Paulo (como atividade dos “Sábados Resistentes”, organizados pelo Núcleo de Preservação da Memória Política)
Sessão gratuita (lotação: 160 lugares): entrega de senhas a partir das 12h00
Endereço: Largo General Osório, 66 - São Paulo, SP
20 de outubro
“El Derecho de Vivir en Paz”
Direção: Carmen Luz Parot
Produção: Chile, 1999
Horário: 15h00
Local: Teatro Studio Heleny Guariba
(antiga Sala Sergio Cardoso do Cine Bijou), Praça Roosevelt 184.
Sessão gratuita (lotação: 80 lugares): inscrições exclusivamente pelo
e-mail contato@nucleomemoria.org.br