
Bom Senso FC propõe um futebol melhor para jogadores e torcedores
Para o craque Juninho Pernambucano, bons espetáculos, boas ações dentro e fora de campo reforçam a imagem de que o esporte deve ser saudável e correto
Quarta-feira, 9 de outubro de 2013
A divulgação do calendário do futebol brasileiro, pela CBF, para o ano da Copa do Mundo no Brasil, não foi nada benéfica para quem faz o espetáculo.
Diante disso, jogadores dos principais clubes brasileiros organizaram o movimento chamado Bom Senso FC, visando participar da elaboração de um calendário que respeite o direito a férias dos jogadores e não os deixe extenuados, como vem ocorrendo este ano.
Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o craque Juninho Pernambucano – uma das principais lideranças deste movimento – fala sobre esta iniciativa, o Maracanã, as manifestações no Brasil, o futuro, além da reverência ao Vasco, clube no qual é ídolo. Confira:
Brasil de Fato – Mesmo revelado pelo Sport, o que foi determinante para que você tivesse esta relação forte com o Vasco?
Juninho Pernambucano – O Sport foi o clube onde dei meus primeiros passos, mas a minha profissionalização e, principalmente, a minha afirmação como jogador de futebol aconteceu no Vasco. Por isto, o Vasco se tornou tão importante na minha carreira, principalmente pelos títulos que conquistei no clube.
Recentemente, o meia Alex, do Coritiba, teceu críticas à CBF, à Globo e ao calendário do futebol brasileiro. Agora, vocês participam do movimento de jogadores Bom Senso FC. O que pode comentar sobre isto?
Acho que o calendário realmente massacra a todos. Isto precisava ser revisto, mas é claro que existem outros interesses quanto a assuntos comerciais e, por isto, deve haver um consenso geral. Mas deve se buscar uma melhoria, porque são muitos jogos na temporada. A qualidade tem baixado. Temos o movimento do Bom Senso FC e ele visa somente melhorar o esporte para que todos tirem proveito, não só os jogadores, mas também torcedores e quem apoia e cobre o futebol. Muita coisa precisa mudar, mas vamos esperar o que pode ser feito para falar mais.
Que lições as manifestações, que começaram em junho, deixam ao povo brasileiro e de que formas o futebol pode se inserir nesse contexto?
Acho importante a população apoiar a seleção e, da mesma forma, acho que o povo brasileiro está cada dia mais consciente do seu papel. O futebol deve ajudar com posturas profissionais de todos os segmentos. Passamos, assim, organização e profissionalismo. Bons espetáculos, boas ações dentro e fora de campo reforçam a imagem de que o esporte deve ser saudável e correto. Esta é uma maneira de nós, jogadores, mostrarmos nossa maneira de corrigir as coisas.
Após o gol contra o Fluminense, em sua reestreia, você apontou para as arquibancadas da UERJ, reivindicando aquele espaço para a torcida do Vasco. Você acha que o processo de concessão do estádio, dadas estas distorções, deve ser revisto?
Este é um assunto muito político, mas creio que tradição no esporte deve ser respeitada. O Vasco ganhou este direito durante anos e foi desrespeitado. Eu, como atleta, não posso me incluir nesta discussão, mas acredito que o bom senso vai privilegiar a tradição também.
Sobre o futuro, você acaba de assinar um contrato com a rádio RMC Sport, da França, para comentar até o final da Copa de 2014. Este é o caminho ou você ainda vislumbra outras possibilidades, como ser treinador, por exemplo?
Estou analisando as chances e oportunidades. Faço este comentário para a RMC porque sempre gostei de opinar e falar de futebol dentro e fora de campo. Quanto a treinador, acho algo muito difícil acontecer. Prefiro mesmo, por enquanto, esta outra área que me atrai. Gosto de escrever, debater e escutar opiniões.